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Em Luanda, com a chuva, os sacos de plásticos são negócio de galochas

A água da chuva dos últimos dias tomou conta de várias zonas dos subúrbios de Luanda. A solução para andas a lama é transformar sacos de plásticos em botas, um negócio florescente para alguns empreendedores.

Em Luanda, com a chuva, os sacos de plásticos são negócio de galochas
Notícias ao Minuto

12:20 - 21/02/16 por Lusa

Economia Criatividade

Todos os dias, às 08:00, Mário de Santareno já está à entrada do mercado do "Quilómetro 30", no município de Viana (arredores de Luanda), mercado, com quase 3.700 vendedoras e um sem número de clientes, com sacos plásticos e rolos de fita adesiva, para começar o seu negócio.

O vendedor de "botas de saco" diz que a chuva que caído na última semana criou uma situação "muito boa" e "ajuda a faturar".

A concorrência é grande, mas ainda assim consegue vender duas resmas de 50 sacos cada, ao preço de 100 kwanzas (60 cêntimos de euro) o par de "botas de saco".

Para se protegerem da lama, os clientes forram os sapatos com sacos plásticos, presos às pernas com fitas adesivas, que se transformam assim numa espécie de galochas.

O próprio usa a "bota", mas apenas num pé, porque o outro partiu ao jogar a bola e não consegue "forrá-lo, contou à Lusa.

"Gosto bué [muito] quando chove, assim está bom para nós, muita gente precisa das nossas botas", congratulou-se.

Uma das clientes das "botas de saco" é Augusta Joaquim, vendedora naquele mercado e que por dia, das 07:00 às 11:00, gasta 300 kwanzas (1,8 euros) naquele "adereço".

"Eu como zungo [venda de rua], preciso de pôr dois sacos em cada pé, para ficar reforçado, mas pago só 150 kwanzas [90 cêntimos], porque compro dois. Mas não aguentam até eu acabar de zungar, por isso compro mais", contou Augusta Joaquim, achando graça à situação.

Questionada se não saía mais barato adquirir umas botas de borracha, lá contou que já teve umas, mas que foram roubadas. Agora, com as chuvas, o preço subiu de 800 kwanzas para mil kwanzas (seis euros).

Também uma família, o casal e dois filhos, provenientes do município de Cacuaco para vacinar contra a febre-amarela teve de fazer recurso às "botas de saco".

"Aqui não há outra solução, ou fazemos isso ou metemos o pé na lama, mas como precisamos de nos proteger, há que gastar e comprar as botas", gracejou Helena Silva, apesar de preocupada com a enorme fila que tinha pela frente para a vacinação.

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