O antigo líder do BES ‘quebrou’ o silêncio para criticar Carlos Costa.
Em comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso, Ricardo Salgado afirma que “é tempo de o Senhor Governador do Banco de Portugal assumir a responsabilidade dos seus atos".
“Mais de um ano e meio depois da resolução, o Novo Banco tem menos 24% de depósitos e concedeu menos 33% de crédito do que o BES em 30 de Junho de 2014, o que demonstra que os clientes tinham mais confiança no BES do que têm no Novo Banco”, lê-se num comunicado que tem o Banco de Portugal como principal alvo.
O comportamento do regulador é descrito como “uma inspeção intrusiva” no antigo BES, que incluiu “a presença permanente de vários elementos”, algo que, na prática, fez com que fosse o Banco de Portugal a gerir “partir do início de 2014”.
Recorde-se que o verão de 2014 ficou marcado pela crise no BES, que resultaria no fim não só do banco mas também de diversas entidades associadas ao Grupo Espírito Santo. O BES foi dividido em dois, com os ativos tóxicos a ficarem separados, no chamado ‘banco mau’, ao mesmo tempo que o Novo Banco assumia o lugar do antigo BES.
Ricardo Salgado defende ainda que, em finais de junho de 2014, antes da resolução, “o BES constituiu provisões, sem contar com as associadas aos ‘eventos tóxicos ou extraordinários’, superiores em quase 20% às provisões que o Novo Banco registou no final de 2014”, pode ler-se.
O antigo presidente executivo do banco acusa ainda o Banco de Portugal de ter prolongado, “durante mais de um ano e meio, a transferência de ativos ditos tóxicos para o BES, incluindo a garantia soberana do Estado de Angola ao BESA” e de ser “responsável pela transferência para o BES de obrigações sénior em parte comercializadas já pelo Novo Banco, assim pondo em causa a confiança no Novo Banco junto de investidores”.
O comunicado, que é da responsabilidade dos consultores do ex-banqueiro, afirma ainda que “Ricardo Salgado não fugirá às suas responsabilidades”. Não lhe podem, porém, ser imputadas responsabilidades pelo último ano e meio de Novo Banco. “É tempo de o Senhor Governador do Banco de Portugal assumir a responsabilidade pelos seu atos”, remata o comunicado.