Combustíveis: Rocha Andrade fez de Centeno, mas a descida desiludiu
O anúncio prometia chegar com muita pompa e circunstância, mas acabou por não ter nem uma nem outra. Quando todos esperavam muito, o Governo aliviou... pouco.
© Global Imagens
Economia ISP
As contas estavam feitas e pareciam não deixar margem para dúvidas. Desde a semana que tinha servido de referência ao aumento do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) em janeiro, a gasolina aumentou cerca de 12 cêntimos e o gasóleo pouco menos que isso e fiando-se nas palavras do Ministro Adjunto Eduardo Cabrita, os analistas dos mercados previam uma descida de dois a três cêntimos.
Tendo em conta que o objetivo assumido era de cortar um cêntimo no ISP por cada 4,5 cêntimos de subida nos preços dos combustíveis, a expectativa era de um alívio de pelo menos dois cêntimos, ou com alguma margem de benevolência, três cêntimos. A realidade, no entanto, deixou muito a desejar.
António Costa tinha prometido "boas notícias" quando questionado sobre o assunto, mas empurrou a responsabilidade da divulgação para Mário Centeno: "É muito difícil ser ministro das Finanças. Também devemos deixar aos ministros das Finanças a oportunidade para darem boas notícias". No fim de contas, nem primeiro-ministro nem Ministro das Finanças ficaram ligados ao anúncio, feito pela voz do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e detalhado num comunicado conjunto das Finanças e do Ministério Adjunto.
Os antecipados dois a três cêntimos transformaram-se numa descida de um cêntimo em ambos os combustíveis e que só aconteceu no gasóleo "atendendo extraordinariamente à tendência verificada nos últimos dias". "No caso do gasóleo rodoviário, a variação verificada não é suficiente para fundamentar a redução de 1 cêntimo por litro do imposto em neutralidade fiscal", salientou o Governo, utilizando como referência os preços finais sem contar com o peso do imposto.
Mesmo com a garantia que estava a abdicar de 44 milhões de euros em receitas fiscais, o Executivo socialista não escapou a uma chuva de críticas, que lembrou a promessa aparentemente enganadora e a utilização dos preços de referência internacional para a subida e dos preços nacionais como referência para a descida.
Partidos, empresas de transportes e consumidores privados foram unânimes no ataque ao Governo e deram sinais de descontentemento que parecem contrariar as prometidas "boas notícias" de António Costa.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com