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Brexit: Sem euro e BCE "os impactos teriam sido piores"

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vitor Constâncio, disse hoje que se não fossem as políticas do BCE e a moeda única os impactos do 'Brexit' teriam sido piores nos mercados e na economia europeia.

Brexit: Sem euro e BCE "os impactos teriam sido piores"
Notícias ao Minuto

16:45 - 29/06/16 por Lusa

Economia Vítor Constâncio

"Os impactos foram piores para o Reino Unido do que para a zona euro. A libra está a cair face ao dólar, mais do que o euro. Não há problemas de liquidez nos mercados e também não vimos fragmentação no soberano. Isso é resultado das nossas políticas, que tiveram um efeito de estabilização muito significativo. Sem o euro e o BCE a situação tinha sido pior", afirmou Vítor Constâncio.

O ex-governador do Banco de Portugal, que discursou na sessão de encerramento do Fórum do BCE, que decorreu desde segunda-feira em Sintra, Lisboa, considerou que, apesar da decisão de saída do Reino Unido da União Europeia, "as coisas funcionaram, ao contrário do que se dizia".

A decisão dos britânicos no referendo da passada quinta-feira chegou finalmente às intervenções oficiais do Fórum do BCE, pela voz de um painel alternativo, depois de os responsáveis que iam fechar a discussão -- como a presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Janet Yellen, e o governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney -- cancelarem a sua presença.

O próprio presidente do BCE, Mario Draghi, está hoje em Bruxelas, onde participa no Conselho Europeu que está a discutir os diferentes cenários do pós-'Brexit'.

"O painel que estava previsto teve de ser cancelado por razões que são compreensíveis por todos. O 'Brexit' foi a razão pela qual eles não estão cá", admitiu Vítor Constâncio, acrescentando que, ainda assim, o tema não deveria ser esquecido no Fórum.

Na sua intervenção, o vice-presidente do BCE abordou os impactos do 'Brexit' nos mercados nos últimos dias, considerando que o resultado do referendo "não criou uma falha sistémica nos mercados", apesar de reconhecer a desvalorização generalizada dos ativos financeiros nos dois primeiros dias úteis após ser divulgada a vitória do 'leave' (saída).

"As histórias mais tristes não se confirmaram. E quem dizia que o 'Brexit' era um novo Lehman [Brothers, banco de investimento que não resistiu à crise no mercado de crédito imobiliário de alto risco] errou. É verdade que tivemos dois dias de quedas acentuadas, mas já tivemos dois dias de correção", assinalou.

E reforçou: "Assistimos a uma certa estabilização, claro que abaixo do nível anterior ao evento. Os fundamentais das nossas economias mantêm-se mais ou menos parecidos".

Anteriormente, os professores da London School of Economics (LSE) e das universidades de Mainz e Livre de Bruxelas abordaram as suas perspetivas sobre como será colocada em prática a saída do Reino Unido.

Considerando que há a "obrigação moral" dos líderes políticos do Reino Unido, os professores admitiram que a "solução norueguesa" é uma das hipóteses, mas destacaram também que o 'Brexit' foi um "voto de desconfiança" contra a União Europeia e que, nesse sentido, é necessária "mais união e solidariedade" entre os Estados-membros.

A "solução norueguesa", que tem sido apontada por analistas e economistas, permitiria que o Reino Unido permanecesse como membro do Espaço Económico Europeu, com acesso ao mercado único europeu, embora sem espaço para intervir nas políticas da União Europeia e continuando a contribuir para o orçamento europeu.

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido deve sair da União Europeia, depois de o 'Brexit' (nome como ficou conhecida a saída britânica da União Europeia) ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira.

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