Até sanções "sem castigo" é "humilhante. Quase nos tratam como párias"
Portugal e Espanha podem ser multados devido a défice de 2015.
© Global Imagens
Economia Bagão Félix
Ecofin deu o seu ‘ok’ à possível aplicação de sanções a Portugal e Espanha. Agora, falta saber se há mesmo sanções e se, havendo, se implicam multa ou não. Para Bagão Félix, a União Europeia tem o hábito de “procrastinar as decisões”, algo que estará a acontecer ainda.
No seu espaço de comentário semanal na antena da SIC Notícias, o antigo governante admitiu que a hipótese de sanções “são instrumentos para cumprir, sob pena de se auto-desvalorizarem, mas acontece que esta decisão é inoportuna e injusta”.
"Parece que a União Europeia não tem mais nenhum problema”, numa altura em que, recordou, Brexit, crise migratória, banca italiana e terrorismo são preocupações à estabilidade europeia. Além do mais são “duas décimas num PIB pequenino”, dada a dimensão de Portugal no seio da economia europeia.
“Défices superiores a 3% há-os por todo o lado”, salientou ainda, mostrando depois um gráfico que mostra que, desde 2006 a 2015, houve quase 60% de casos de países quebrando a regra dos 3% nesta última década.
“De repente, lembraram-se”, ironizou, lembrando que a Alemanha, antes da crise, “teve sempre défices acima de 3%, e a França a mesma coisa”.
Na altura em que foi ministro das Finanças, lembrou Bagão Félix que discutiram na Europa “durante alguns meses a revisão do pacto de estabilidade e crescimento, para de algum modo desculpar os ‘deslizes’ de França e Alemanha, o que não deixa de ser curioso”. Nessa altura, o tema de sanções não esteve sequer em cima da mesa.
Mesmo que o castigo seja “sem castigo”, apesar de tudo, “é melhor”, mas este prolongar do processo já tem “custos reputacionais”. Na sua opinião, mesmo esta hipótese de “castigo sem castigo” é “desonrosa e humilhante, quase nos tratando como párias. Isso é uma linguagem que se usa com as crianças” e não com países, destacou.
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