"Portugal deve olhar para saída do Reino Unido com frieza estratégica"
Diplomara Francisco Seixas da Costa aponta aquela que deve ser “a preocupação central” de Portugal após o referendo britânico.
© Global Imagens
Economia Seixas da Costa
Francisco Seixas da Costa debruçou-se, num artigo de opinião publicado no site Ação Socialista, sobre o resultado do referendo no Reino Unido à permanência na União Europeia, que gerou uma decisão sem precedentes.
“Ninguém pode prever, com um mínimo de certeza, os efeitos que, da anunciada saída do Reino Unido da União Europeia, resultarão para os diversos países que fazem parte do ‘club’. Uma coisa é certa: o abandono da segunda economia da União, que é também o seu segundo contribuinte líquido, da sua primeira potência militar, de um relevante membro do G8, com lugar permanente no Conselho de Segurança, não deixará de ter consequências no equilíbrio dos ‘vinte e sete’ restantes”, explicou o antigo embaixador nas Nações Unidas.
Na opinião do diplomata, “como sempre acontece na vida da Europa, os efeitos dos acontecimentos serão sempre assimétricos entre os Estados membros, pelo que a posição de cada país no quadro negocial que aí vem não será necessariamente a mesma”.
Assim sendo, entende o antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus que “Portugal deve olhar para a saída do Reino Unido com alguma frieza estratégica. Com exceção das questões de segurança e defesa, Londres nunca foi um parceiro determinante na gestão da nossa política de alianças no quadro europeu. Mas, nem por isso, Portugal não deixará de ‘sentir a falta’ de Londres na ‘balança de poderes’ continental”.
“A preocupação central que deve orientar Portugal no futuro imediato da sua diplomacia europeia é a fixação, com o maior rigor possível, dos interesses próprios que possam estar potencialmente em risco na retirada do Reino Unido das políticas comunitárias. Como tem sido observado, eles situam-se, esmagadoramente, nas questões que decorrem dos temas da livre circulação de pessoas e suas consequências, nomeadamente em matéria de prestações sociais. É aí que devemos concentrar esforços e isso passa, desde já, por identificar os parceiros comunitários que comungam dessas preocupações e com os quais há que constituir, desde muito cedo, uma rede pontual e específica de alianças”, aconselhou Francisco Seixas da Costa.
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