Crise faz com que seja boa altura "para apostar" em Moçambique
O presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, defendeu em Maputo que a crise que Moçambique atravessa deve ser vista pelas empresas portuguesas como o momento certo para apostarem no país africano, porque a prazo vão recolher benefícios.
© Lusa
Economia Miguel Frasquilho
"Sabemos que a economia moçambicana está a viver um momento menos bom, mas é nestes momentos que podem surgir as maiores oportunidades e que as empresas portuguesas podem e devem consolidar as suas relações económicas, seja ao nível do investimento seja ao nível do comércio", disse à Lusa o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Miguel Frasquilho, que na segunda-feira esteve presente na abertura da Feira Internacional de Maputo (Facim), espera que a atual crise em Moçambique corresponda a um ciclo transitório e que a aposta neste mercado possa ser recompensada mais tarde.
"Quem o puder fazer nesta fase, quem tiver oportunidade para isso, parece-me que é a aposta mais acertada", declarou o presidente da AICEP, acrescentando que a sua instituição, em Lisboa ou na sua representação em Maputo, está "totalmente ao dispor das empresas para as ajudar nesta fase que é muito difícil".
A Facim abriu na segunda-feira nos arredores de Maputo, também com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o pavilhão de Portugal é o maior da feira, com 31 inscrições, abaixo das 42 empresas representadas em 2015 e das 50 em 2014.
"É uma participação bastante elevada, ainda que tenha decrescido em relação ao ano anterior, e bastante condigna e à altura dos pergaminhos das relações históricas entre Portugal e Moçambique", comentou Frasquilho, que destacou a presença de outras dezenas de empresas de capitais portugueses noutros pavilhões da feira.
Moçambique vive um período de múltiplas crises, marcadas pelo arrefecimento do crescimento económico, forte desvalorização do metical face ao dólar, descida do preço das matérias-primas e das exportações, subida acentuada da inflação e queda do investimento estrangeiro e da ajuda externa, em resultado do escândalo dos empréstimos ocultados pelo Estado e que fizeram disparar os valores da dívida pública.
O país atravessa ainda uma crise política e militar entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que se agravou nos últimos meses e afeta a circulação de pessoas e bens na região centro.
Como consequência destes efeitos combinados, as intenções de investimento em Moçambique caíram 48% no primeiro semestre de 2016 comparativamente ao mesmo período do ano passado, com Portugal no quinto lugar dos principais investidores, mas com uma queda de 80%, bastante superior à média.
"Esperamos que seja uma situação conjuntural", observou Miguel Frasquilho, acrescentando que, apesar de tudo, "o crescimento da economia moçambicana mantém-se em território positivo", fazendo votos para a retoma dos bons indicadores dos últimos anos.
"Logo que questões internas, que são conhecidas por todos, possam ser resolvidas, pensamos que o crescimento vibrante e dinâmico dos últimos anos possa ser retomado", declarou, numa alusão às negociações entre Governo e Renamo.
O presidente da AICEP comentou ainda o ambiente de negócios em Moçambique, que ocupa a 133.ª posição do 'ranking' do Banco Mundial Doing Business, referindo que, à semelhança de qualquer economia, deve haver melhorias constantes num mundo cada vez mais competitivo.
"Moçambique tem uma posição mais baixa no 'ranking' e uma melhoria do ambiente de negócios será evidentemente favorável para a evolução dos indicadores económicos e para a melhoria das reações entre os dois países", assinalou.
A Facim decorre até 04 de setembro em Marracuene, nos arredores de Maputo, com a presença prevista de 2.250 empresas moçambicanas e 630 estrangeiras, provenientes de 33 países.
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