Empresas angolas usam dívida soberana para pagar milhões à Mota-Engil
A Mota-Engil recebeu mais de 20 milhões de euros em títulos de dívida soberana de Angola para saldar dívidas de empresas públicas angolanas, anunciou hoje o responsável da empresa pelas relações com os investidores.
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Economia Investidor
De acordo com a conferência telefónica com analistas realizada hoje, no seguimento da divulgação das contas do primeiro semestre, João Vermelho disse que "definitivamente, não se exclui" a possibilidade de a construtora receber as dívidas desta maneira, de acordo com as declarações citadas pela agência de informação financeira Bloomberg.
Segundo o relatório sobre as contas dos primeiros seis meses deste ano, a construtora portuguesa recebeu cerca de 21 milhões de euros em títulos de dívida angolana, tendo na sua carteira um total de 49,4 milhões de euros em títulos angolanos.
O grupo Mota-Engil alcançou um resultado líquido de 72,5 milhões de euros no primeiro semestre do ano, um aumento de 477% face ao período homólogo de 2015, embora impulsionado pelas vendas de alguns negócios, segundo uma comunicação ao mercado esta manhã.
Nas contas não auditadas, comunicadas à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), a Mota-Engil refere que "as rubricas de MEP (método de equivalência patrimonial) e Ganhos em alienações contribuíram positivamente para o resultado líquido do semestre com 78 milhões de euros (8,5 milhões de euros no primeiro semestre de 2015), fruto do ganho de 77 milhões de euros gerado nas alienações do Negócio Portuário e de Logística e da INDAQUA".
Por outro lado, sublinha que "a ASCENDI, que no primeiro semestre de 2015 contribuiu com 9,5 milhões de euros para a rubrica MEP, passou a ser classificada como um 'Ativo não corrente detido para venda' a partir de 30 de setembro de 2015, não contribuindo assim com qualquer resultado para o grupo no primeiro semestre de 2016".
O volume de negócios ascendeu a 1.036 milhões de euros, uma diminuição de 4% face ao semestre homólogo, sendo a América Latina responsável por 33% do total.
O EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciação e amortização) aumentou 3% face ao semestre homólogo, para 149 milhões de euros, atingindo uma margem de 14% "em linha com a alcançada no primeiro semestre de 2015", refere a empresa.
O resultado líquido no semestre de quase 73 milhões de euros, "influenciado positivamente pelos ganhos gerados na alienação do Negócio Portuário e de Logística e da INDAQUA", precisa o grupo na comunicação ao mercado.
A carteira de encomendas será em 30 de junho de 2016 de 4,6 mil milhões de euros, refletindo um rácio carteira de encomendas/vendas e prestações de serviços da área de Engenharia & Construção de 2,1 anos e a visão de crescimento a médio e longo prazo.
A dívida líquida em 30 de junho de 2016 era de 1.221 milhões de euros, refletindo uma redução de 2% face ao trimestre anterior, refere ainda a Mota-Engil na informação enviada à CMVM.
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