O que enlouquece um Nobel da Economia? "O fetiche do défice"
Um dos mais famosos pensadores económicos do mundo tem uma mensagem muito clara para os mercados: "Se está a criar-se passivo para aumentar os ativos, então são bons investimentos".
© Reuters
Economia Joseph Stiglitz
A crise financeira criada pela queda do Lehman Brothers em 2008 gerou nos mercados mundiais uma vaga de preocupação com as dívidas públicas nunca antes vista. Como estratégia para lidar com o desequilíbrio entre produção e endividamento, a austeridade mostrou uma face particularmente visível na Europa, onde casos como Portugal, Grécia e Irlanda se tornaram exemplos a não seguir pelo resto do mundo.
Para Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, esta avaliação dos mercados tornou-se um autêntico "fetiche do défice" e em entrevista ao Business Insider, explica porquê: "Ninguém olharia para uma empresa e diria: Olhem para a dívida que esta empresa tem"
"Qualquer pessoa perguntaria: Quais são os ativos? Qual é o passivo? Qual é o valor líquido? Mas não sei porquê, quando se chega aos Estados, ninguém pergunta o mesmo. Ficam preocupados se o governo aumenta a dívida, mesmo que seja para investir em infraestruturas, nas pessoas e em tecnologia que faça crescer o país", refere o economista norte-americano.
O antigo conselheiro de Bill Clinton para a política económica garante que a dívida deve sempre ser vista em contraponto com a criação de ativos de futuro e um elevado peso do endividamento não significa necessariamente um desequilíbrio económico: "Se está a criar-se passivo para aumentar os ativos, então são bons investimentos".
"Tendo em conta que agora os Estados conseguem financiamento a taxas muito perto de zero, com a inflação a 1% ou 2%, investir dá um retorno real de 20% ou 30%. É disparatado não fazer esses investimentos", assegura Stiglitz.
O Nobel da economia vai ainda mais longe e deixa uma mensagem especial para os analistas e estrategas de Wall Street: "Quando vejo supostos especialistas financeiros que não percebem nada de economia, isso põe-me louco".
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