Pires de Lima falava aos jornalistas à margem da cimeira de tecnologia, empreendedorismo e inovação da Europa, que termina hoje na capital portuguesa.
"Lisboa ganhou e este é um bom exemplo de como às vezes alguma continuidade e consistência nas políticas [de diferentes governos] pode produzir resultados extraordinários para o país", afirmou o antigo governante.
"Estou muito feliz, eu vi a Web Summit nascer no Ministério da Economia, muito por iniciativa do secretário do Estado Leonardo Mathias, e tornar-se um esforço de equipa. Foi preciso juntar muitas vontades, esforços dentro do Ministério da Economia, coordenados pelo vice-primeiro-ministro [Paulo Portas], AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal], Turismo de Portugal, Câmara de Lisboa para, no final, ganharmos a uma série de outras cidades que em termos objetivos talvez oferecessem muito mais dinheiro para que a Web Summit fosse, por exemplo, para Amesterdão ou para Berlim", prosseguiu.
Mas, "verdadeiramente, ninguém é dono da Web Summit", disse.
"A Web Summit é fundamentalmente das 50 mil pessoas que aqui vieram nestes três dias, mais de 7.000 CEO [presidentes executivos], 20.000 empreendedores, e posiciona Lisboa e Portugal como a capital da tecnologia, do mundo novo de criar riqueza, de criar relações, acho que é um ativo extraordinário para todos os portugueses, uma oportunidade incrível que estamos todos a agarrar", salientou Pires de Lima.
O antigo governante disse que um dos principais problemas de que deu conta enquanto político foi "a falta de continuidade, de consistência".
Por isso, "quero cumprimentar as autoridades atuais políticas por terem tido o bom senso de aproveitarem, agarrarem esta oportunidade, e é uma boa demonstração daquilo que poderíamos ser e fazer noutras áreas se na política as palavras continuidade e consistência tivessem mais peso do que reversão", apontou o antigo governante do executivo liderado por Pedro Passos Coelho.
António Pires de Lima disse que há "esforços que mereciam mais ser consensualizados", mas elogiou as áreas do turismo, empreendedorismo e Web Summit, já que estes demonstram "como podem ser diferentes os resultados" se na política a aposta passar mais por "somar e construir do que dividir e reverter".
Questionado sobre o que é preciso fazer para que a Web Summit fique em Portugal por cinco anos (o que está contratualizado é três anos mais dois opcionais), Pires de Lima considerou que é preciso viver "cada ano 'per si'".
No entanto, "estou seguro de que qualquer que seja o governo que viermos a ter em 2018, a opção vai ser dar continuidade deste esforço que começou em 2015", afirmou.
Questionado sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2017 do Governo de António Costa, Pires de Lima declinou tecer comentários, afirmando esperar que "Portugal recupere investimento".
