Empresas portuguesas procuram em Cabo Verde alternativa a outros mercados
Portugal é o país estrangeiro mais representado na Feira Internacional de Cabo Verde (FIC), onde as empresas portuguesas procuram alternativas à instabilidade de mercados como Angola ou Moçambique e uma ponte com a África Ocidental.
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Economia Lusofonia
A decorrer até sábado, a 20.ª edição da FIC conta com a participação de mais de 40 empresas e empresários portugueses, organizados em três missões distintas: da União dos Exportadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, da Associação Industrial Portuguesa e da Associação Portuguesa das Empresas das Tecnologias de Informação e Eletrónica.
Com sede em Braga e a trabalhar em França e na Bélgica, o Grupo Jota, que opera no setor da domótica, cinema em casa e sistemas de alarme e segurança, estreia-se num mercado fora da Europa com a sua participação na FIC.
Com um volume de negócios a rondar os 2 milhões de euros em Portugal, João Teixeira, um dos responsáveis do grupo, explica a opção por Cabo Verde com a estabilidade política e as perspetivas de crescimento económico.
"Fomos convidados e achamos que poderia ser interessante porque outros mercados em África as coisas não estão pelo melhor. Aqui é mais calmo", disse.
Apesar de reconhecer que o mercado é pequeno, adianta que o facto de não existirem em Cabo Verde empresas especializadas deste setor justifica a aposta numa economia que se estima venha a crescer 5,5 por cento em 2017.
"Queremos também, a partir daqui, entrar em outros mercados porque é óbvio que o mercado de Cabo Verde é pequeno", afirmou.
João Teixeira reconhece que o facto de oferecer um produto destinado sobretudo a clientes de gama média ou média alta pode ser uma limitação, mas considera que, por pequeno que seja o número de clientes, "pode ser interessante".
Por seu lado, a Lusolaguimar, empresa de produtos alimentares sediada em Elvas, aposta nos preços competitivos para conquistar primeiro o mercado de menos de um milhão de consumidores de Cabo Verde e entrar depois no espaço de 300 milhões da Comunidade Económica de Países da África Ocidental (CEDEAO).
"Vendemos em Portugal e Espanha e estamos a tentar outros mercados. Porque não começar por Cabo Verde", questionou Ricardo Filipe, um dos responsáveis da empresa.
Com um volume de negócios a rondar os 14 milhões de euros em Portugal e Espanha, Ricardo Filipe acredita que a empresa conseguirá vencer a aposta no mercado de Cabo Verde
"Trabalhamos com um produto económico e conseguimos ser muito competitivos no mercado através do volume de produção", disse.
Com "meia dúzia" de clientes nas várias ilhas de Cabo Verde, a Perfisa, uma empresa de fabrico de estruturas metálicas para construção de São Pedro do Sul, apostou pela primeira vez na presença com um stand na FIC.
A ideia é, segundo o responsável Eurico Martins, tentar reforçar a posição da empresa num mercado que poderá ser uma alternativa à estagnação na Europa e a instabilidade em outros mercados lusófonos onde a empresa também trabalha.
"Já temos clientes em Cabo Verde e temos esperança que isto vai melhorar. Também estamos em Angola, mas em Angola está um bocado parado. Não falta construção, faltam pagamentos a Portugal e então somos mesmo obrigados a tentar outros mercados", disse.
A empresa que fatura anualmente 7 milhões de euros, viu o volume de negócios baixar dos 12 milhões com a crise económica na Europa.
Além de Cabo Verde, trabalha em Angola, Moçambique, França e Espanha.
Entrar prioritariamente no mercado cabo-verdiano foi a aposta assumida pela Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Eletrónica (ANETIE) ao organizar a participação na FIC de 25 empresários e representantes de empresas, maioritariamente informáticas.
"A primeira aposta é em Cabo Verde, nomeadamente porque os outros Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) não estão com uma condição financeira tão favorável", disse à agência Tiago Valente, da ANETIE.
Para Tiago Valente, o mercado cabo-verdiano é "pequenino, mas não é desprezável".
"O principal interesse é o mercado local, é a primeira aposta. Estamos focados no mercado local e a estudar oportunidades para o futuro", adiantou.
Como um bom resultado da participação na feira, o responsável considerou que seria as empresas saírem do certame como "a perceção do que é o mercado cabo-verdiano e de alguns parceiros locais com quem possam trabalhar no futuro".
A 20.ª edição da FIC foi aberta oficialmente na quarta-feira e prolonga-se até sábado com a participação de 118 expositores de 10 países.
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