Exportações de vinho verde rendem 48 milhões de euros até setembro

As exportações de vinho verde aumentaram 8% até setembro, face a igual período de 2015, com vendas de mais de 20 milhões de litros e uma faturação recorde de 48 milhões de euros, disse hoje fonte oficial.

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Lusa
19/11/2016 08:40 ‧ 19/11/2016 por Lusa

Economia

Produção

"É um ano que comercialmente correu muito bem. Estamos muito satisfeitos", assumiu Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região de Vinhos Verdes (CVRVV), informando que "até ao fecho de setembro" venderam 20,9 milhões de litros de vinho para 110 países, destacando-se os Estados Unidos da América (EUA), que renderam um valor recorde de 48 milhões de euros.

Os EUA são o mercado externo que mais se destaca em 2016 a comprar vinho verde português, com as vendas a atingir valores superiores a 12 milhões de euros e um aumento da procura em estados como Colorado, Texas, Nova Iorque, Indiana, Illinois, Maryland e também Washington, Michigan ou Indiana, como conta André Pinto, diretor geral da Agrimota - Sociedade Agrícola e Florestal. A empresa responsável pela gestão das propriedades da família Mota produziu este ano na Quinta da Calçada 450 mil garrafas de vinho verde e faturou cerca de um milhão de euros.

Segundo André Pinto, na Quinta da Calçada, um dos mais antigos produtores da região dos Vinhos Verdes e com uma parcela de vinha de 50 hectares, que comemora 100 anos em 2017, "60% da faturação" vem da exportação e o seu principal destino são os EUA, onde vendem em 18 estados norte-americanos.

Também Diogo Vieira, responsável pelas vendas e marketing dos vinhos da Quinta da Lixa, concelho de Amarante, que detém um total de 105 hectares de vinhos verdes e que vende quatro milhões de garrafas por ano -- 52% para exportação -, afirma que nos EUA é "realmente muito 'trendy' (moda) beber vinho verde", e que a América do Norte é um dos mercados externos para onde a Lixa mais exporta.

Como há cada vez mais procura de vinho verde, não só nos EUA, mas também no Japão e em França, Diogo Vieira conta que querem aumentar a produção, designadamente com a criação de mais um vinho alvarinho (casta) com estágio em madeira, e de um vinhão também com estágio em madeira para criar um "verde tinto premium".

Bernardo de Lencastre, da Casa de Vila Nova, em Penafiel, que começou a comercializar a marca em 2015 e estima faturar dois milhões de euros este ano, diz estar presente em 45 estados dos EUA e conta que 45% da produção vai para os EUA e Polónia.

Atualmente a Casa de Vila Nova tem 13 hectares, mas Bernardo de Lencastre afirma que quer, em 2017, chegar aos 20 hectares, o que implicará um investimento de cerca de "15 mil euros por hectare".

"O mercado jovem está cada vez mais recetivo ao vinho verde" e, por outro lado, "há uma euforia turística que ajuda a aumentar as vendas internas de vinho verde". Tudo razões para trabalhar castas diferentes como o avesso ou o loureiro, e tentar fazer "diferenciação no produto", defende Bernardo de Lencastre.

Também na Quinta da Aveleda, no concelho de Penafiel, ladeada de vinhas com castas alvarinho, loureiro, trajadura, arinto ou Fernão Pinto, grande parte da produção - 70% -, é para exportação em 70 países diferentes, sendo os EUA um dos destinos mais fortes.

O negócio de família da Quinta da Aveleda, que vai na quinta geração, prevê produzir este ano um total de 17 milhões de garrafas, e estima adquirir mais 50 hectares de vinha em 2017.

Dados da CVRVV, que tem 63 aderentes, indicam que o vinho verde é já o segundo vinho mais vendido em Portugal, com 16,8% da cota de mercado, sendo 86% das vendas em vinhos verdes brancos. A maior cota de mercado é de vinhos alentejanos (35,5%).

A região demarcada dos vinhos verdes estende-se por todo o noroeste de Portugal, na zona conhecida como Entre-Douro-e-Minho, tendo como limites a norte o rio Minho, que estabelece parte da fronteira com Espanha, a sul o rio Douro e as serras da Freita, Arada e Montemuro, a este as serras da Peneda, Gerês, Cabreira e Marão e a oeste o oceano Atlântico. Tem nove sub-regiões (Amarante, Ave, Baião, Basto, Cávado, Lima, Monção e Melgaço, Paiva e Sousa).

Em termos de área geográfica é a maior região demarcada portuguesa e uma das maiores da Europa.

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