Se Moçambique falhar prestação de dívida, rating deve descer
O banco JP Morgan considerou hoje que as agências de 'rating' devem descer a avaliação de Moçambique caso não pague este mês uma prestação de 59,8 milhões de dólares da emissão de dívida pública no ano passado.
© Reuters
Economia JP Morgan
Na análise enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, as analistas Sonja Keller e Yvette Babb escrevem que "um incumprimento soberano deverá desencadear mais descidas de 'rating'" e lembram que "no final de novembro a Fitch já desceu a avaliação da qualidade do crédito soberano de Moçambique para Incumprimento Seletivo quando o Governo confirmou que não pagou a prestação de maio, no valor de 175,5 milhões de dólares relativos ao empréstimo da Proindicus".
"O falhanço no pagamento dos juros até ao dia 02 de fevereiro - período de graça - deverá provavelmente desencadear uma revisão em baixa do 'rating' atribuído pela Moody's", acrescentam as analistas, o que afundaria Moçambique ainda mais em território de recomendação de não investimento, ou seja, "lixo", como é tradicionalmente conhecido.
A JP Morgan, apesar de considerar que é provável que Moçambique não pague o valor da prestação de janeiro referente à prestação da emissão de 727 milhões de dólares em títulos de dívida soberana, que por sua vez resultam da reconversão das obrigações da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum), afirma que o país tem dinheiro suficiente.
"Com 1,92 mil milhões (de dólares) em reservas internacionais, e um défice da conta corrente ligeiramente menor, e um pequeno aumento nas reservas internacionais em novembro e dezembro, as autoridades têm liquidez suficiente para fazer este pagamento", dizem as analistas sedeadas na África do Sul.
No entanto, continuam, "dado o desejo das autoridades de renegociar os termos das obrigações públicas comerciais e da dívida garantida pelo Estado e o facto de irem tratar as três formas de dívida nesta categoria 'pari passu' [da mesma maneira], acreditamos que Moçambique não deverá pagar".
A notícia desta análise da JP Morgan, dada inicialmente pela agência de informação financeira Bloomberg, fez as taxas de juro exigidas pelos investidores subiram significativamente nas últimas horas, ultrapassando os 24%.
O Governo de Moçambique anunciou em outubro a abertura de um processo negocial com os credores para tentar renegociar a dívida pública, tendo enfrentado resistência por parte dos investidores, que consideram que já foram alvo de uma reestruturação quando as obrigações da Ematum foram convertidas em títulos de dívida soberana, no início do ano passado, e que os empréstimos da Proindicus e da MAM também devem estar incluídos na renegociação.
Ao mesmo tempo que negoceia com os credores, Moçambique está também em negociações com o Fundo Monetário Internacional para o restabelecimento da ajuda técnica e financeira, mas só depois da apresentação pública do relatório de auditoria às dívidas escondidas, que deverá ser conhecido em breve.
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