É inevitável que a Europa precise de Cabo Verde
O empresário e antigo político português Ângelo Correia defendeu hoje que a posição geoestratégica de Cabo Verde torna "inevitável" que a União Europeia e a América do Norte precisem do país para estabilizar o Golfo da Guiné.
© Global Imagens
Economia Ângelo Correia
"O interesse e a função externa de Cabo Verde é articular-se sobretudo com a América do Norte e com a Europa porque são os que maior interesse têm na estabilização e na paz no Golfo da Guiné", defendeu Ângelo Correia falava aos jornalistas hoje, na capital cabo-verdiana, à margem de uma conferência sobre as dinâmicas e os constrangimentos dos processos de qualificação das democracias, da qual foi orador convidado.
A conferência insere-se nas celebrações do Dia da Liberdade e da Democracia, que se assinala sexta-feira, e marca 26 anos de eleições multipartidárias no país.
Ângelo Correia lembrou as perturbações existentes no Golfo da Guiné em matéria de pirataria, assinalando que em termos estratégicos e geopolíticos, o topo norte do Golfo da Guiné é Cabo Verde.
"Cabo Verde não está imune à prestação de serviços de segurança com todos os países que têm interesses nesta área", disse.
Por isso, o ex-político e antigo ministro, conhecido pela sua ligação ao Partido Social Democrata (PSD), entende que "é inevitável que, para países como Cabo Verde, seja obrigatória uma articulação mais profunda e mais nítida com a União Europeia".
O Governo cabo-verdiano anunciou a sua intenção de uma maior proximidade com a União Europeia no sentido de criar em Cabo Verde uma "extensão" do espaço Shengen e Ângelo Correia sustentou que os pactos a estabelecer irão além de meros acordos comerciais, colocando o país "num patamar diferente da maior parte dos países africanos".
"Para Cabo Verde, os acordos vão ser mais amplos e mais profundos por causa da situação geopolítica. Ninguém descobre Cabo Verde de um sítio onde não está, ele está aqui e como está aqui tem ligações e intervenção inevitável nesta zona. É inevitável que a Europa e a América do Norte precisem de Cabo Verde. Como Cabo Verde também precisará dessa relação", reforçou.
Considerou ainda que a aproximação à União Europeia não é incompatível com a ligação de Cabo Verde à Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), sublinhando o papel de complementaridade da relação entre os dois espaços.
"Cada um vai ter o seu espaço próprio, são complementares entre si e têm que ter sempre o mesmo interlocutor que é Cabo Verde. Se Cabo Verde conseguir fazer isso começa a surgir a marca Cabo Verde, que mais do que um país, um Estado e uma comunidade é um peso estratégico", declarou, sublinhando: "Se Cabo Verde conseguir levar isso a cabo, fica na História".
Sem querer aprofundar muito os comentários sobre a democracia cabo-verdiana, o político e empresário sublinhou o facto de Cabo Verde ser o terceiro país lusófono melhor classificado no Índice de Desenvolvimento Humano, a seguir a Portugal e ao Brasil.
"Isto quer dizer alguma coisa. Cabo Verde atingiu uma respeitabilidade e um valor que é significativo", disse, adiantando que isso também é a qualificação da democracia.
Cabo Verde assinala sexta-feira o 26.º aniversário das primeiras eleições multipartidárias no país e pela primeira vez com uma sessão solene no parlamento por proposta do Movimento para a Democracia (MpD), partido no Governo.
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