Futuro será (ainda) pior do que previsto pelo Governo
O programa de ajustamento está a chegar ao fim mas a economia portuguesa não dá sinais de retoma, com o Produto Interno Bruto (PIB) a registar no primeiro trimestre deste ano a segunda maior queda desde 1978. Porém, o fim deste ciclo não só não parece estar para breve como, consideram vários economistas ouvidos pelo Diário Económico, poderá até ser mais grave do que indicam as previsões do Governo.
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Economia Recessão
No primeiro trimestre deste ano, o PIB caiu 3,9% em comparação com igual período do ano passado, avançou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). Um valor, salienta hoje o Diário Económico, acima do registado no final do ano passado (3,8%) e só superado no arranque de 2009, quando a economia nacional caiu 4,1%.
A juntar a isto, há nove trimestres consecutivos que a economia está a contrair e o que aí vem não parece trazer boas notícias. “Há sinais preocupantes, desde logo, a queda do investimento”, salienta Paula Carvalho, economista do departamento de ‘research’ do BPI.
No mesmo sentido, o departamento de 'research' do Montepio refere que as previsões do Governo, que apontam para uma contracção de 2,3% para o conjunto deste ano, “requerem alguma recuperação da actividade no segundo semestre deste ano”, mas acrescenta Sandro Mendonça, economista e professor no ISCTE, “a conjuntura à nossa volta está a tornar menos provável a inversão de tendência das exportações” e “o Estado, o único que podia agir em contraciclo, não o vai fazer, e vai continuar em austeridade”.
Também ouvido pelo Diário Económico, o antigo ministro das Finanças, Miguel Beleza, afirma que “estamos a bater no fundo” e que apesar de admitir que “teremos uma inversão de tendência, é difícil prever quando”. Já o centrista António Pires de Lima, presidente do Conselho Nacional do CDS, destaca que “as medidas tomadas pelo Governo diminuem em muito o rendimento disponível das famílias e a componente externa está a abrandar”.
De salientar que desde 2007, ano em que espoletou a crise, a economia portuguesa já contraiu 8,5%, de acordo com o valor do PIB estimado pelo gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia.
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