Empresa angolana vai pagar esta semana quatro de 46 salários em atraso
A Empresa Nacional de Pontes de Angola prometeu hoje pagar quatro dos 46 meses de salários em atraso, a partir desta quinta-feira, mas negou que o Ministério da Construção tenha liquidado na totalidade a sua dívida.
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A informação foi transmitida hoje à agência Lusa pelo chefe do departamento de contabilidade e finanças da empresa angolana, Luvualu Michel, apontando ainda a falta de liquidez do Banco de Poupança e Crédito (BPC) como fator que tem atrasado o processo.
"Aguardamos pela transferência do BPC para BAI [Banco Angolano de Investimentos] desde o dia 05 de julho e apenas hoje de manhã o BAI confirmou que os valores estão já disponíveis na conta da empresa. É por isso que estamos já a trabalhar nesse processo para o pagamento de salários de quatro meses", explicou.
De acordo com Luvualu Michel, a dívida de 46 meses de salários data desde 2011, altura em que começou a acumular-se a dívida, "ainda na gestão anterior" da empresa, para com os trabalhadores.
Para já, disse, serão apenas pagos os meses de julho, agosto, setembro e outubro de 2015.
"E estamos em crer que dentro de 48 horas os salários estarão disponíveis", assegurou.
O ministro da Construção de Angola, Artur Fortunato, responsabilizou recentemente a direção da Empresa Nacional de Pontes pelos 46 meses de salários em atraso aos trabalhadores, afirmando que a dívida do setor à firma já foi paga.
"Relativamente as dívidas que tem com o próprio setor já avançamos, já foi paga, esperamos que isso minimize de alguma forma a situação que se alastra e ver daqui para frente como é que se equacionará essa questão", disse o governante.
Luvualu Michel refere, contudo, que o ministério da Construção, que tutela a empresa pública de pontes, liquidou "apenas algumas faturas" em atraso.
"Estamos à espera que o ministério disponibilize mais valores, até porque as restantes faturas estão lá, para que então possamos fazer outros pagamentos, tão logo eles paguem as outras partes", afirmou.
São cerca de 400 trabalhadores que há mais de um mês realizam uma vigília na sede das instalações da empresa, em Luanda protestando pela reposição dos seus direitos.
O chefe do departamento de contabilidade e finanças da empresa angolana de pontes esclareceu ainda que a empresa tem igualmente filiais no interior país onde os trabalhadores com contas no BPC começaram já a receber os ordenados de apenas quatro meses.
"A maior parte recebe diretamente no BPC e outros aguardam devido ao problema de liquidez que o banco tem. Temos filiais nas províncias da Huíla, Benguela, Moxico, Huambo e Zaire", acrescentou.
Porém, em declarações hoje à Lusa o primeiro secretário da comissão sindical dos trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes, Mateus Muanza, manifestou-se descontente com a informação do pagamento de apenas quatro dos 46 meses de salário, afirmando que ainda assim continuarão em vigília.
"Mesmo que paguem esses meses, nós vamos continuar em vigília até a empresa pagar tudo o que nos deve. São muitas dificuldades que vivemos com a família e quatro meses de salário não chega para nada", disse Mateus Muanza.
O sindicalista manifestou-se ainda preocupado com as promessas não cumpridas pela direção da empresa, preferindo "esperar e ver par crer nesta nova promessa", questionado as declarações do ministro e da direção da empresa.
"O ministro da construção disse no mês passado que pagou toda dívida pública da empresa e o diretor geral diz que o ministro não foi concreto, daí que nos perguntamos quem de facto está a dizer a verdade", questionou.
Já Luvualu Michel informou que nos últimos anos o Estado reduziu o número de empreitadas à firma, situação que "prejudica muito a própria sustentabilidade da empresa e que pode transformar os seus meios inoperantes".
"Porque há certos trabalhos que fazemos apenas para fazer manutenção do equipamento", concluiu.
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