Indústrias acusam presidente da EDP de esconder a verdade
As empresas que consomem mais eletricidade em Portugal acusam o presidente da EDP, António Mexia, de esconder a verdade quanto aos preços que a elétrica cobra às maiores indústrias, alegando que esses preços as penalizam e retiram competitividade.
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Economia Electricidade
O presidente executivo da EDP “observa apenas parte da verdade” quando afirma que o custo da eletricidade “não é problema de competitividade de Portugal”, e que, “especialmente na indústria, Portugal tem preços de energia elétrica abaixo da média europeia e tipicamente abaixo de Espanha”, acusou em declarações à Lusa José Baptista Pereira, diretor executivo da Associação Portuguesa dos Industriais Grandes Consumidores de Energia Elétrica (APIGCEE).
António Mexia “faz como aquele pintor famoso que, contratado por um zarolho para o pintar, o coloca de perfil para lhe pintar apenas um olho”, ironiza Baptista Pereira.
A APIGCEE alega que as estatísticas do Eurostat, nas quais a EDP se fundamenta para demonstrar que o preço da eletricidade é mais baixo em Portugal que na média da União Europeia, são cegas ao tipo de consumos de energia destas empresas e, por conseguinte, não validam totalmente as afirmações de Mexia.
“Algumas destas empresas detêm fábricas em Portugal e Espanha, e pagam em Portugal mais cerca de 20 a 25% do que em Espanha, o que é devido, em grande parte, ao forte agravamento das tarifas de acesso a partir de 2010, em resultado da subida exponencial das designadas rendas excessivas, onde se integram os Contratos de Aquisição de Energia (CAE), os Custos de Manutenção de Equilíbrio Contratual (CMEC) e os subsídios à renováveis e que o Governo, impulsionado pela ‘troika’, se tem proposto reduzir”, sustentou Baptista Pereira.
“Para as nossas empresas, em que se incluem a Siderurgia Nacional, Cimpor, Secil, Portucel Soporcel, Solvay, Cuf, Sakthi Portugal, Ar Líquido e Somincor, o peso da eletricidade no preço final de produção é de, pelo menos, 10% e nalguns produtos chega a atingir 50%, pelo que o preço da energia elétrica é fator crítico da sua competitividade”, acrescentou.
É neste contexto, argumentou o mesmo responsável, que se “compreendem” as notícias recentes que apontam a possibilidade da Siderurgia Nacional poder vir a deslocalizar a sua produção para Espanha.
Por outro lado, acrescenta o diretor da APIGCEE, as empresas que o organismo representa “exportam mais de 75% da sua produção, o que assume uma importância primordial no equilíbrio da balança de transações do país”.
O presidente da EDP afirmou na quinta-feira que “Portugal tem, especialmente na indústria, preços da energia elétrica abaixo da média europeia e tipicamente abaixo de Espanha” e “a eletricidade não é um problema de competitividade de Portugal no contexto europeu”.
António Mexia respondia desta forma ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que na quarta-feira alertou para a necessidade dos países europeus encontrarem formas de reduzir os custos da energia, uma vez que estão a penalizar a competitividade do tecido empresarial europeu comparativamente com as companhias norte-americanas e asiáticas.
As declarações do governante, proferidas após uma reunião com os líderes das 16 das maiores companhias portuguesas, em Lisboa, levaram Mexia a reconhecer que “há efetivamente uma relação entre a Europa e os Estados Unidos” nos custos da energia, desfavorável aos europeus, mas que "não tem a ver com política energética”. ~
A APIGCEE representa o conjunto de empresas alimentadas em alta e muito alta tensão, cujos consumos de eletricidade representam no seu conjunto um consumo anual superior a 4.500 GWh, o que corresponde a quase 10% do consumo nacional e a mais de 25% de toda a indústria portuguesa.
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