Banco da Áustria aconselha cuidado com bitcoin
O governador do Banco Central da Áustria disse hoje que a bitcoin, cuja negociação arrancou no mercado de futuros, não é uma moeda, mas um produto para especuladores e aconselhou a ter cuidado com investimentos neste ativo.
© Reuters
Economia Governador
Segundo Ewald Nowotny, que também integra o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE), o facto de contratos futuros sobre a bitcoin terem começado hoje a ser comercializados em Chicado, nos Estados Unidos, "não diz nada sobre o seu valor intrínseco" como moeda.
Para o responsável, a bitcoin é um produto "para especuladores, mas não é uma moeda", e recordou que recentemente o BCE e outros bancos europeus fizeram avisos nesse sentido.
Nowotny considera que a dimensão atual desta criptomoeda é, contudo, relativamente pequena, cerca de 141 mil milhões de dólares (cerca de 119 mil milhões de euros), o que compara com os 1.100.000 milhões de euros atualmente em circulação.
Caso a dimensão aumente, considera o banqueiro que cabe à Comissão Europeia propor uma regulamentação.
Para o governador do Banco Central da Áustria, a bitcoin pode ser um desafio a nível jurídico, uma vez que pode ser usada para branquear dinheiro ou para transações ilegais, pelo que deveria ser-lhe aplicada a mesma norma da União Europeia sobre lavagem de dinheiro.
À hora de abertura do mercado de futuros nos Estados Unidos, o valor da bitcoin era pelas 12:50 (hora de Lisboa) de cerca de 16.500 dólares (cerca de 14 mil euros à taxa de câmbio atual), mais 10% do que o valor registado domingo, num fim-de-semana de bastantes oscilações do seu valor.
No início deste ano, a bitcoin valia 996 dólares (cerca de 846 dólares).
Depois de se ter estreado hoje no mercado de futuros de Chicago (CBOE), é esperado que a bitcoin comece a operar na maior plataforma mundial de derivados em 18 de dezembro, a CME, também em Chicago, e para o ano está anunciada a sua entrada no mercado de futuros do Nasdaq.
Estas decisões significam o reconhecimento da bitcoin como ativo de valor pelos mercados financeiros e está na base da sua valorização, uma vez que a negociação nesses mercados aumenta o interesse de investidores particulares e empresas financeiras.
As operações de futuros de bitcoins, segundo especialistas, permitirão às empresas financeiras que operem com essa moeda virtual proteger-se de mudanças repentinas no preço.
Contudo, apesar de plataformas de mercados financeiros permitirem pela primeira vez que os investidores façam apostas de futuros sobre a bitcoin, as próprias bitcoins continuarão a ser negociadas apenas em trocas privadas, fora do alcance dos reguladores.
A moeda virtual tem fiéis seguidores, mas também os seus inimigos. Um deles é o presidente executivo do banco JP Morgan, Jamie Dimon, que a descreve como uma "fraude" e disse que em algum momento a bolha "estourará".
Joseph Stiglitz, vencedor do prémio Nobel da Economia, considerou mesmo, em entrevista à agência de informação financeira Bloomberg, que a bitcoin deveria ser "proibida".
Em abril, o Japão converteu-se no primeiro país do mundo a reconhecer legalmente a bitcoin como forma de pagamento, o que leva o iene a ser a divisa nacional mais trocada pela moeda virtual a nível mundial.
A bitcoin, nascida em 2009 e criada por uma pessoa com nome fictício de Satoshi Nakamoto, é a moeda virtual mais popular do mundo. Baseia-se na tecnologia 'blockchain', que suporta o seu valor material na criptografia de dados informáticos.
A bitcoin, tal como as restantes criptomoedas, não está vinculada a um banco ou governo, pelo que o seu valor depende sobretudo da procura, até porque a oferta é restrita.
A bitcoin permite registos anónimos dos utilizadores, o que leva a críticas de que serve apenas para facilitar o branqueamento de capitais e pagamentos ilícitos.
Apesar do crescente interesse, ainda não é amplamente aceite nas lojas para comprar mercadorias e não pode depositada num banco. Um dos problemas em usá-la como uma moeda é o seu valor ser volátil, às vezes de forma súbita.
Já os apoiantes da bitcoin dizem que é um novo tipo de moeda que pode ser trocada de maneira privada e segura.
Na quinta-feira da semana passada foi divulgado que desconhecidos roubaram mais de 4.700 bitcoins, equivalentes a cerca de 70 milhões de dólares (cerca de 59,2 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), num ataque cibernético à empresa NiceHash, uma plataforma eletrónica eslovena especializada em criptomoedas.
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