México pode eleger no domingo uma Presidente pela primeira vez
Mais de 98 milhões de mexicanos vão às urnas no domingo para eleições gerais e poderão eleger a primeira Presidente do país, que vai enfrentar problemas como o narcotráfico, migrações e a relação conturbada com os Estados Unidos.
© ENRIQUE CASTRO/AFP via Getty Images
Mundo México
Estas serão as maiores eleições da história do país, com mais de 20 mil cargos a serem disputados numa única volta, nomeadamente para a Câmara dos Deputados (500) e o Senado (128), além de oito governadores (mais o governo da capital, Cidade do México) e outros cargos regionais e locais, de acordo com o Instituto Nacional Eleitoral (INE) mexicano.
As duas mulheres que estão à frente na corrida presidencial são Claudia Sheinbaum - do partido de centro-esquerda Movimento Regeneração Nacional (MORENA), que integra a coligação governamental Vamos Continuar a Fazer História -, e Xóchitl Gálvez, do conservador Partido da Ação Nacional (PAN), que faz parte da coligação de oposição Força e Coração pelo México.
Claudia Sheinbaum, ex-autarca da Cidade do México, tem hoje 53% das intenções de voto, segundo a Polls.mx, um agregador de sondagens. A política de esquerda diz que pretende continuar a obra do atual Presidente, o populista Andrés Manuel López Obrador (MORENA) - que foi eleito chefe de Estado em 2018 para um mandato de seis anos. Sheinbaum tem formação superior (PhD) em engenharia de energia e possui inúmeros trabalhos divulgados nessa área.
Já a candidata Xóchitl Gálvez, em segundo lugar nas sondagens eleitorais (32%), é uma senadora da oposição e empresária do setor tecnológico. Gálvez é uma crítica feroz do Presidente cessante e da sua política para o México.
O outro candidato presidencial é o ex-deputado Jorge Álvarez Máynez, um político pouco conhecido do Movimento Cidadão e que tem 14% das intenções de votos, segundo a Polls.mx.
A eleição de uma Presidente seria um enorme passo num país com níveis crescentes de violência baseada no género e com profundas disparidades nessa área. Na sua forma mais extrema, a misoginia é demonstrada através das altas taxas de homicídios e em outros tipos de crimes violentos contra as mulheres.
Outra questão importante é a violência ligada ao narcotráfico, que tem sido particularmente grave onde grupos lutam por territórios como em Chiapas e Guerrero, no sul, e Michoacán, no centro do México.
Os cartéis veem as eleições como uma oportunidade para tomar o poder e pelo menos 145 pessoas ligadas à política foram mortas pelo crime organizado nesse ano, segundo um levantamento realizado pela organização de direitos humanos Data Civica. O Governo do México destacou 27.245 agentes de segurança para realizar patrulhas e fornecer uma presença dissuasora contra o crime.
No campo das migrações, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) referiu que o país enfrentará um aumento de pessoas que chegam ao país. Em 2023, o Instituto Nacional de Migrações (INM) registou 782.176 chegadas de migrantes ilegais no México, um aumento de 77% em relação a 2022, quando foram registadas 441.409 chegadas.
O Governo de López Obrador alertou que não receberá pessoas deportadas pelo estado norte-americano do Texas, através da lei conhecida como SB4, e que apenas discutirá questões migratórias com o Governo federal norte-americano. As candidatas Claudia Sheinbaum e Xóchitl Gálvez disseram estar de acordo com essa decisão do atual Governo.
O futuro Presidente mexicano, que tomará posse em 01 de outubro, terá de esperar até 05 de novembro, quando ocorrem as eleições presidenciais nos Estados Unidos - entre o atual chefe de Estado democrata, Joe Biden, e o ex-Presidente republicano Donald Trump --, para perceber como serão as relações entre os dois países.
Segundo dados da OCDE, espera-se um crescimento económico de 2,5% para o México em 2024 e de 2,1% em 2025. Os especialistas acreditam que o país precisa crescer, em média, de 4,5% do produto interno bruto (PIB) nos próximos anos para alcançar níveis que permitam aumentar a prosperidade do país. O México tem diversos desafios estruturais que precisam ser enfrentados, como a produtividade relativamente baixa, uma infraestrutura ainda precária, além de problemas na formação dos trabalhadores.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) enviou para o México uma missão de observação eleitoral, liderada pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Chile Heraldo Muñoz, composta por 100 pessoas. O Instituto Nacional Eleitoral declarou que acreditou 1.309 observadores eleitorais estrangeiros, o maior número de sempre na história do país.
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