Berlim critica extrema-direita por difundir falsa declaração de ministra
O Governo alemão criticou hoje a líder do partido de extrema-direita AfD Alice Weidel por difundir informação falsa atribuindo erradamente à ministra do Interior, Nancy Faeser, declarações geradas com o software de inteligência artificial ChatGPT.
© Sean Gallup/Getty Images
Mundo Alemanha
Co-líder do Alternativa para a Alemanha (AfD), Weidel divulgou uma declaração supostamente feita pela ministra após um ataque perpetrado por um homem que feriu seis pessoas com uma faca numa manifestação de um movimento anti-islâmico em Mannheim, na sexta-feira, matando um polícia.
Segundo o jornal Bild, o vídeo de Weidel a ler a alegada citação falsa e a exprimir a sua indignação, num comício de campanha, tem circulado nas contas da AfD, o que já levou a uma crítica por parte do Governo.
"Opomo-nos firmemente à desinformação e à exploração do terrível ato de violência em Mannheim", afirmou hoje o ministério na rede social X, criticando a líder da AfD por ter "divulgado publicamente uma declaração falsa".
Apesar de uma correção feita posteriormente por Weidel, as notícias falsas "continuaram a espalhar-se", referiu o ministério.
No sábado à noite, a deputada Weidel pediu desculpa pelo sucedido, reconhecendo o erro, mas acrescentou que o "teor" das suas críticas era "verdadeiro", por Faeser se ter "vangloriado de ter avisado contra" potenciais ataques, mas tê-los "permitido".
De acordo com o site noticioso alemão t-online, a informação enganosa foi lançada por um membro do partido AfD utilizando o software de inteligência artificial ChatGPT.
Após o ataque de Mannheim, Faeser levantou a hipótese de se tratar de um ato de terrorismo islâmico. "Se a investigação revelar um motivo islâmico, será mais uma confirmação do grande perigo que representam os actos de violência islâmicos, contra os quais temos vindo a alertar", afirmou em comunicado, referindo-se a um "crime terrível".
Um polícia, de 29 anos, que tinha sido esfaqueado na sexta-feira nocomício anti-islâmico, morreu hoje na sequência dos ferimentos, anunciaram as autoridades alemãs.
O ataque deixou feridos, além deste polícia, mais quatro pessoas.
O agressor foi imobilizado pela polícia com um tiro e ficou ferido.
As autoridades alemãs admitiram a hipótese de o autor deste ataque, um homem de nacionalidade afegã, ter agido com motivações religiosas, uma vez que ocorreu durante um comício contra muçulmanos.
Na sexta-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, reagiu a este ataque, nas redes sociais, afirmando que "a violência é absolutamente inaceitável na democracia".
Scholz referiu-se ao agressor como o "autor de um atentado" e descreveu as imagens do ataque como horríveis.
Imagens que circularam nas redes sociais mostravam um jovem armado com um punhal a esfaquear várias pessoas no centro de Mannheim.
Vários homens tentaram imobilizá-lo no chão, mas não conseguiram.
O agressor conseguiu levantar-se e atingir um polícia nas costas, antes de outro agente o neutralizar com um tiro.
Segundo vários meios de comunicação social, incluindo os diários Bild e Frankfurter Allgemeine, o ataque visava principalmente Michael Sturzenberger, um conhecido ativista anti-islâmico no país.
Sturzenberger preparava-se para discursar num comício organizado pelo "Movimento dos Cidadãos Pax Europa" (BPE), no centro de Manhheim, uma cidade com cerca de 300 mil habitantes a sul de Frankfurt, no sudoeste da Alemanha.
Este movimento político, que tem como objetivo denunciar "os perigos da influência do Islão político nas sociedades democráticas da Alemanha e da Europa", relatou "um ataque com faca" a Sturzenberger na sua página na Internet.
Sturzenberger, 59 anos, foi anteriormente porta-voz do partido conservador bávaro CSU em Munique e participa ativamente em várias organizações de extrema-direita e anti-islâmicas.
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