"A alegação de que concordámos com um cessar-fogo sem que as nossas condições fossem cumpridas não é verdadeira (...) A proposta que Biden apresentou está incompleta", declarou Netanyahu perante a Comissão de Defesa e Negócios Estrangeiros do Knesset (parlamento israelita).

O primeiro-ministro israelita comentava o plano em três fases, apresentado na sexta-feira pelo líder norte-americano, referindo-se a uma proposta israelita, para alcançar uma cessão das hostilidades permanente na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns em posse do grupo islamita palestiniano Hamas.

"A guerra vai parar para recuperar os reféns e depois manteremos conversações. Há detalhes que o Presidente americano não apresentou ao público", acrescentou Netanyahu perante a comissão parlamentar sobre a operação militar em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, o controle do corredor de Filadélfia, na fronteira entre o enclave palestiniano e o Egito, e as negociações para uma trégua.

As palavras do chefe do Governo israelita contradizem Biden, que revelou uma primeira fase de seis semanas do plano -- durante a qual as tropas de Telavive abandonariam as áreas povoadas da Faixa de Gaza e as mulheres, os idosos e os feridos entre os reféns seriam libertados.

Depois, segundo o líder da Casa Branca, começaria uma segunda fase, que incluiria "o fim permanente das hostilidades" e a libertação do resto dos reféns, incluindo militares.

No entanto, Biden advertiu que esta segunda fase exigiria um diálogo intenso, uma vez que os detalhes ainda são desconhecidos, um aspeto que também tem sido criticado pelos líderes do Hamas, que consideram a proposta ambígua e sem um compromisso sólido de Washington de que efetivamente a guerra não será reiniciada.

Após a sua intervenção na comissão parlamentar, Netanyahu publicou uma mensagem de vídeo nas redes sociais na qual assegura que o Governo está a trabalhar "de inúmeras maneiras" para recuperar os reféns que estão em cativeiro há quase oito meses.

"Penso neles o tempo todo. Por causa de suas famílias, por causa de seu sofrimento. É por isso que percorremos um longo caminho para recuperá-los, mas no processo desta ação mantivemos os objetivos da guerra, sendo o principal deles a eliminação do Hamas", comentou.

Para o líder israelita, o entendimento apresentado pelos Estados Unidos não é incompatível com o objetivo de destruir o Hamas.

"Faz parte do esquema, não é algo que estou a dizer agora por causa das pressões dentro da coligação, é algo que acordámos por unanimidade no gabinete de guerra", indicou, referindo-se às ameaças dos seus parceiros de extrema-direita de abandonarem o executivo se o acordo for selado, considerando-o uma rendição ao Hamas.

Enquanto as negociações prosseguem, com mediação do Egito, Qatar e Estados Unidos, pelo menos 40 palestinianos morreram na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, elevando o número total de mortos para cerca de 36.480 -- na maioria mulheres e crianças -- após mais uma noite de pesados ??bombardeamentos e ataques de artilharia israelitas.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e deixou duas centenas de reféns na posse do grupo palestiniano, segundo Telavive.

Israel desenvolve desde então uma ofensiva militar em grande escala no enclave palestiniano, com o objetivo de eliminar o Hamas e recuperar os reféns, mas que, ao mesmo tempo, tem tido um elevado custo em mortes de civis, destruição de residências e infraestruturas, população deslocada e disponibilidade de bens essenciais, com as Nações Unidas a alertar para uma situação humanitária catastrófica.

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