Presidente de Taiwan garante que memória de Tiananmen não vai desaparecer
O novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, garantiu hoje que a memória da repressão de Pequim na Praça Tiananmen, cujos 35 anos se assinalam hoje, não vai desaparecer "na torrente da história".
© Lusa
Mundo Taiwan
"As memórias do 04 de junho não desaparecerão na torrente da história e continuaremos a trabalhar arduamente para manter viva esta memória histórica" para "todos aqueles que estão ligados à democracia chinesa", escreveu Lai na rede social Facebook.
O dirigente, que assumiu a presidência em maio, acrescentou ainda como a "democracia e a liberdade não são fáceis de alcançar".
"Devemos (...) responder à autocracia com liberdade e enfrentar a ascensão do autoritarismo com coragem", segundo o responsável, no dia em que passam 35 anos da repressão das autoridades chinesas contra manifestantes pacíficos pró-democracia, na principal praça central de Pequim, para terminar com semanas de protestos para exigir mudanças políticas.
O número de mortos é desconhecido, variando entre as centenas e mais de mil, conforme as fontes de informação, segundo a agência noticiosa France Presse, que nota como qualquer menção à repressão de 1989 é rigorosamente censurada no país.
Assim, atualmente, muitos jovens chineses desconhecem este evento histórico do seu país, cujo aniversário em 2024 foi apenas assinalado em Taiwan, em termos de territórios de língua chinesa.
Para Taipé foi agendada a vigília anual, no memorial de Chiang Kai-shek, um símbolo da repressão a que a ilha esteve sujeita durante quatro décadas, assim como uma exposição de arte sob o título "LifeDeathPreserveForgotten", que reúne as obras de dezoito artistas de todo o mundo.
A China considera Taiwan como uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunir ao seu território desde o fim da guerra civil e a chegada dos comunistas a Pequim, em 1949.
Pequim acusou o Presidente Lai Ching-te de empurrar a ilha para a "guerra" e de ser um "separatista perigoso". Em maio, a China organizou manobras militares em grande escala em torno de Taiwan.
O Partido Democrático Progressista de Lai defende a soberania de Taiwan, que tem o seu próprio governo, exército e moeda.
Na sua publicação de hoje no Facebook, Lai argumentou que "um país verdadeiramente respeitável é aquele em que as pessoas se exprimem".
"Qualquer regime deve confrontar a voz do povo, especialmente a geração mais jovem, porque a mudança social depende muitas vezes de opiniões diversas", segundo o responsável, garantido que se continuará a trabalhar para "reforçar a democracia em Taiwan e a trabalhar com países que partilham os mesmos valores para construir um mundo melhor".
Questionado segunda-feira sobre o 35.º aniversário o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que Pequim tinha "chegado há muito tempo a uma conclusão clara sobre a agitação política no final da década de 1980".
Pequim tinha afirmado em 1989 que tinha colocado um ponto final aos "motins contrarrevolucionários".
Na Praça de Tiananmen, grupos de turistas com chapéus fluorescentes a condizer foram vistos esta manhã a posar junto ao mausoléu do líder chinês Mao Tse-tung, no meio de uma forte, mas não invulgar, presença de seguranças.
O acesso à maior praça do mundo, onde se encontram numerosos edifícios oficiais, bem como a Cidade Proibida, é estritamente controlado em permanência e requer autorização.
Em Hong Kong, antiga colónia britânica devolvida à China em 1997, uma oitava pessoa foi detida na segunda-feira, no âmbito de uma nova lei de segurança nacional, por mensagens publicadas na Internet a propósito da repressão.
Este dia era também assinalado em Hong Kong, nomeadamente com vigílias, mas as iniciativas estão proibidas desde 2020, quando Pequim impôs o quadro legal muito restritivo, na sequência de grandes e por vezes violentas manifestações pró-democracia.
Hoje, viam-se dezenas de polícias a patrulhar o Parque Victoria, onde dezenas de milhares de pessoas se reuniam para chorar os mortos.
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