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Carta onde Kafka confessa "bloqueio" na escrita em leilão. Por quanto?

A missiva do escritor Franz Kafka, escrita em 1920, está dirigida a um amigo que lhe pediu para que este contribuísse para a sua revista. Na altura, Kafka encontrava-se a ser submetido aos tratamentos de tuberculose.

Carta onde Kafka confessa "bloqueio" na escrita em leilão. Por quanto?
Notícias ao Minuto

10:46 - 06/06/24 por Teresa Banha

Cultura Franz Kafka

Uma carta escrita por Franz Kafka vai ser leiloada pela Sotheby's e é esperado que seja pago um valor entre entre os 81 mil dólares e os 115 mil dólares (entre 82 mil euros e 106 mil euros). O leilão vai decorrer de 26 de junho a 10 de julho.

A correspondência data de 1920, quando o escritor estava a receber tratamentos para a tuberculose, doença diagnosticada três anos antes.

"Não escrevo nada há três anos, e o que está publicado são coisas antigas. Não tenho mais trabalhos, nem mesmo começados", lamentou o escritor numa carta dirigida a Albert Ehrenstein, poeta austríaco e amigo de Kafka.

Segundo um comunicado publicado pela leiloeira na segunda-feira, a carta em questão foi em resposta ao amigo, que o questionou sobre se ele queria contribuir para a sua revista.

Explicando que estava a passar por um bloqueio, Kafka escreveu: "Quando as preocupações penetram numa certa camada da existência interior, é óbvio que a escrita e as queixas cessam, de facto a minha resistência não era muito forte".

Notícias ao Minuto [Carta de Franz Kafka]© Sotheby's

O convite do amigo para publicar na sua revista foi feito depois de Ehrenstein ver um trabalho publicado de Kafka, provavelmente, segundo a nota, um conto que tinha sido escrito antes.

"A vida e trabalho de Franz Kafka dão, desde há muito, uma fonte de fascínio por todo o mundo", explicou um dos especialistas da leiloeira, Gabriel Heaton.

Heaton deu ainda conta de que a carta em questão mostrava a "exigência que a escrita tinha sobre ele" e quanta força interior era necessária por parte do escritor, face às suas inseguranças. "Podemos estar gratos por Kafka continuar a pegar na caneta apesar do seu bloqueio".

Na altura em que foi escrita, Kafka também tinha começado uma relação com a escritora Milena Jesenská, que o apoiou e fez com que este começasse a escrever 'O Artista da Fome' e ' O Castelo', obras publicadas já depois da morte de Kafka - apesar do seu pedido para que nada fosse publicado depois de morrer.

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