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"Todos os olhos em…" Imagem por Rafah alastra-se a locais 'esquecidos'

Ainda que muitos tenham criticado o ativismo performativo subjacente à partilha destas imagens, o argumento não é consensual.

"Todos os olhos em…" Imagem por Rafah alastra-se a locais 'esquecidos'
Notícias ao Minuto

16:55 - 06/06/24 por Notícias ao Minuto

Mundo Médio Oriente

"Todos os olhos em Rafah" e no Sudão, na República Democrática do Congo e na Papua-Nova Guiné. O slogan da imagem gerada por Inteligência Artificial (IA) que ‘correu’ as redes sociais e que pretendia alertar para a realidade da campanha militar de Israel contra a Palestina adaptou-se para chamar à atenção para conflitos ‘esquecidos’.

Várias imagens e publicações a apelar por "todos os olhos na Papua-Nova Guiné" também têm permeado as redes sociais, com o intuito de mostrar apoio para com as comunidades indígenas locais, que procuram impedir as autoridades e as empresas de óleo de palma de destruírem grandes áreas de floresta.

Na mesma linha, os internautas têm pedido atenção para o Sudão, país que se encontra mergulhado numa crise humanitária como consequência do conflito que brotou entre as Forças Armadas Sudanesas e o grupo Forças de Apoio Rápido, em abril do ano passado, que já matou dezenas de milhares de pessoas.

De facto, uma imagem criada por IA com a descrição "Rezem pelo Sudão" também começou a circular.

Surgiram ainda apelos pela República Democrática do Congo, onde milhões de pessoas foram mortas ou deslocadas devido a décadas de conflito entre as forças armadas e os grupos rebeldes.

Em alguns casos, os utilizadores das redes sociais optaram por afirmar que "Não há olhos em Manipur", referindo-se à violência étnica cometida naquele estado do nordeste da Índia.

Ainda que muitos tenham criticado o ativismo performativo subjacente à partilha destas imagens, o professor associado de estudos do Médio Oriente na Universidade Hamad bin Khalifa, no Qatar, Marc Owen Jones, considerou ser severo demais descartar estes esforços.

"Não é preciso muito para alguém compartilhar isto. Pode fazer com que pareçam bem, pode fazer com que pareçam socialmente conscientes, mesmo que não gastem muito tempo envolvidos no assunto. Mas, ao mesmo tempo, também argumentaria que há pessoas que normalmente não se importam com o que está acontecer em Rafah ou Gaza e que usaram a sua plataforma para partilhar isto. Acho que há valor", disse, citado pela ABC.

Por seu turno, a especialista em media digitais da Universidade Monash, em Melbourne, Kelly Lewis, argumentou que estas imagens "higienizadas" constituem formas "mais digeríveis de as pessoas se envolverem e mostrarem diretamente a sua opinião sobre o que está a acontecer".

"As pessoas estão cada vez mais frustradas com a sua capacidade de fazer alguma coisa e de intervir nestes debates, e penso que o interessante deste tipo de imagem é que retrata a ideia de violência sem mostrar violência", disse.

Leia Também: Ataques israelitas matam pelo menos 19 pessoas na Faixa de Gaza

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