Cimeira na Suíça será "primeiro passo" para paz na Ucrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Suíça afirmou hoje que a cimeira para a paz na Ucrânia, que terá a participação de 90 países e organizações, é um "primeiro passo" para um processo que terá de incluir a Rússia.
© Lusa
Mundo Ucrânia
"A cimeira [que vai decorrer sábado e domingo na Suiça] é um primeiro passo, mas não haverá processo de paz sem a Rússia. A questão não é saber se a Rússia vai aderir, mas sim quando", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros suiço, Ignazio Cassis.
A Suíça acolhe, sábado e domingo, uma cimeira que servirá como um "primeiro passo" para encontrar um caminho para a paz na Ucrânia, com a presença de dezenas de altos líderes, mas sem a Rússia ou, a priori, a China.
"Atrevamo-nos a falar de paz", desafiou Ignazio Cassis, na apresentação do programa à comunicação social, hoje.
O objetivo da cimeira, solicitada por Kiev, é "inspirar um futuro processo de paz", mas o resultado da reunião permanece incerto, tendo uma fonte do Governo alemão alertado que "e muito importante evitar expectativas exageradas".
A Ucrânia espera obter um amplo apoio internacional, estabelecendo as condições que considera necessárias para acabar com a guerra.
A cimeira baseia-se no plano de paz de dez pontos do presidente ucraniano, com o objetivo de estabelecer os meios para alcançar "uma paz justa e duradoura".
"Teremos discussões aprofundadas sobre temas essenciais para a Ucrânia e para o mundo: situação dos prisioneiros de guerra, ameaça nuclear e segurança alimentar", disse Cassis.
Estes temas "não são os mais delicados, mas são, no entanto, importantes", disse à agência France Presse o diretor do instituto de investigação Swisspeace, Laurent Goetschel.
"Se for possível abordar estes temas em conjunto com os participantes russos poderá facilitar o estabelecimento de uma base de confiança para futuras negociações de paz", acrescentou.
A Presidente suíça, Viola Amherd, adiantou que gostaria "de desenvolver (...) um roteiro sobre a forma como as partes se podem juntar no âmbito de um futuro processo de paz", apelando à adoção de "medidas de confiança".
Dos membros do grupo BRICS (economias emergentes), que inclui a Rússia, apenas a Índia confirmou publicamente a sua participação. A China e o Brasil têm dificuldade em participar sem Moscovo e a participação da África do Sul continua incerta.
A "Cimeira de Alto Nível sobre a Paz na Ucrânia", como é oficialmente conhecida, realizar-se-á paralelamente à reunião do G7 no sul de Itália, que decorrerá de quinta-feira a sábado, com a participação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em ambas as reuniões.
Os líderes do G7 esperam chegar a um acordo sobre a utilização dos juros dos ativos russos congelados para ajudar a Ucrânia, que tem sido alvo de uma ofensiva russa mortal desde fevereiro de 2022.
Zelensky juntar-se-á na Suíça a representantes de mais de 90 países e organizações, incluindo o Presidente francês, Emmanuel Macron, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
Berna não convidou a Rússia, que fez saber que não está interessada, porque considera que a Suíça perdeu a sua neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias.
O Kremlin tem afirmado repetidamente que não participará em quaisquer negociações, a menos que Kiev aceite a anexação pela Rússia dos cerca de 20% do território ucraniano que ocupa atualmente.
A conferência realiza-se numa altura em que as forças russas obtiveram as maiores conquistas territoriais dos últimos 18 meses na Ucrânia, com o grande assalto terrestre à região de Kharkiv, lançado a 10 de maio, quando se apoderaram de várias aldeias fronteiriças, o que obrigou milhares de pessoas a fugir.
O exército ucraniano, com falta de munições e de homens, está a debater-se com dificuldades, alegando, nomeadamente, atraso na entrega da ajuda militar ocidental.
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