O debate que colocará frente-a-frente Joe Biden e Donald Trump pela primeira vez em quatro anos terá a duração de 90 minutos, começando às 2h00 (hora de Lisboa).
O primeiro debate presidencial de 2024 terá a duração de 90 minutos, com dois intervalos comerciais, e decorrerá num estúdio do canal CNN em Atlanta, estado da Geórgia, com a moderação dos jornalistas Jake Tapper e Dana Bash - conhecidos por atacar publicamente as mentiras e teorias da conspiração de Trump.
Contudo, e para evitar a repetição das cenas caóticas registadas em debates anteriores, foram ditadas regras incomuns que podem acabar por moldar a prestação dos candidatos presidenciais, num debate que contará decerto com ataques pessoais.
Ao contrário de outros debates, Biden e Trump debaterão sem público - uma regra que deverá evitar que uma multidão turbulenta de apoiantes tome conta do evento - e não terão declarações de abertura, avançando diretamente para as perguntas dos moderadores.
Os moderadores também poderão silenciar os microfones dos candidatos para evitar conversas cruzadas e interrupções entre os turnos do debate, uma situação que afetou o primeiro confronto de Biden e Trump num debate presidencial em 2020.
Os candidatos também não poderão falar enquanto o outro fala, ficando o microfone desligado.
Além disso, não serão permitidos adereços ou notas pré-escritas no palco. Os candidatos receberão apenas uma caneta, um bloco de papel e uma garrafa de água.
Biden e Trump terão os dois intervalos comerciais para se atualizar, mas não poderão conversar com a sua equipa de campanha durante esse período.
A campanha de Biden venceu o sorteio para decidir a ordem das declarações finais dos candidatos ou a sua posição no pódio. O chefe de Estado norte-americano selecionou o pódio direito, colocando Trump à esquerda das telas dos telespetadores. Já Donald Trump terá a última palavra da noite, com Biden a fazer a sua declaração final em primeiro lugar.
Como se prepararam os candidatos e que temas abordarão?
Tendo em conta a importância do debate, especialmente num momento em que as sondagens mostram uma disputa acirrada entre os dois candidatos e quando faltam menos de cinco meses para as eleições presidenciais, Trump e Biden adotaram diferentes estratégias de preparação para o duelo.
Enquanto Biden se instalou no seu retiro em Camp David, rodeando-se de conselheiros de topo enquanto praticou e abordou temas que espera enfatizar durante o debate, Trump passou o fim de semana em comícios e eventos de campanha, onde questionou o público sobre se deveria ser "duro e desagradável" ou "agradável e calmo" com Biden no debate.
Esta semana, Donald Trump manteve ainda reuniões com conselheiros e aliados para rever pontos-chave no confronto com Joe Biden, em temas como política externa e inflação.
O republicano certamente fará da imigração a sua questão principal e fará novamente referência aos recentes casos de homicídio e violação dos quais imigrantes foram acusados. Trump tem sido extremamente crítico relativamente à política de imigração de Biden e espera-se que repita as suas propostas, como a "deportação em massa" de migrantes.
Neste histórico debate deverão figurar as 34 acusações criminais pelas quais o ex-presidente foi condenado no mês passado em Nova Iorque, além dos três outros casos criminais que enfrenta em outros estados.
Também a questão da idade dos candidatos - especialmente os 81 anos de Biden - será colocada em destaque, com o atual chefe de Estado a ser bastante criticado e alvo frequente de troça por parte do seu oponente de 78 anos.
Biden, que é o Presidente em exercício mais velho da história norte-americana, terá o desafio de demonstrar durante o debate a sua capacidade física e mental para derrotar Trump e liderar o país por mais quatro anos.
Os democratas têm esperança de que Biden possa levar ao evento a mesma energia que mostrou no seu discurso do Estado da União, no início do ano. Contudo, analistas observam que um confronto ao vivo na televisão contra um opositor que adora o combate verbal é muito diferente de um discurso escrito perante o Congresso.
O aborto, a economia e a política internacional serão igualmente temas-chave, aos quais os norte-americanos estarão particularmente atentos durante o debate.
Será visto por muitos milhões em direto, mas, pode fazer a diferença?
O primeiro debate das presidenciais 2024 entre Joe Biden e Donald Trump pode fazer mexer a agulha para uma pequena percentagem de indecisos, considera o cientista político Brian Adams, da Universidade Estadual da Califórnia em San Diego, em entrevista à Lusa.
"A maioria das pessoas tem forte afiliação partidária e não vai mudar o sentido de voto, mas os 5% a 10% que não têm são aqueles que vão decidir a eleição", afirmou o professor. "As sondagens estão muito próximas e tudo o que é preciso nos estados críticos é convencer 1% ou 2% dos eleitores".
A plataforma FiveThirtyEight, que usa sondagens e dados económicos e demográficos para calcular as hipóteses de vitória dos candidatos, tem agora Joe Biden à frente, mas por pouco: 51% para o democrata contra 49% de Trump As sondagens oscilam em favor de um ou outro mas a margem de erro significa que nenhum é favorito à vitória.
"Há um grande número de pessoas que ainda não decidiu por não gostar de nenhum dos candidatos", frisou o professor, referindo-se ao segmento de eleitores a que se chama de 'double haters'. "Muitos não têm forte apego por um ou outro candidato e por isso o seu voto pode ser conquistado".
O politólogo frisou que, historicamente, houve sempre uma pequena parte do eleitorado que usou os debates como motivo de decisão do voto. No entanto, este debate vai acontecer muito mais cedo que o habitual, antes mesmo das convenções dos partidos onde os candidatos serão formalmente nomeados.
O primeiro debate das presidenciais 2024 entre Joe Biden e Donald Trump pode fazer mexer a agulha para uma pequena percentagem de indecisos, disse à Lusa o cientista político Brian Adams, da Universidade Estadual da Califórnia em San Diego.
Lusa | 11:09 - 26/06/2024
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