"Colaboração fiel". Hungria promete cooperação durante presidência da UE
A primeira cimeira europeia presidida por António Costa enquanto presidente do Conselho Europeu será durante a presidência húngara da União Europeia (UE), em dezembro, e Budapeste já veio prometer "colaboração fiel", apesar de "breve", atuando como "mediador honesto".
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Mundo Hungria
"Uma vez que ele assume a presidência do Conselho Europeu apenas no último mês do nosso mandato (dezembro), o nosso tempo de cooperação será breve, mas o primeiro Conselho Europeu presidido por António Costa terá lugar durante a presidência húngara", afirma em entrevista à agência Lusa o embaixador húngaro para a UE, Ódor Bálint.
Nesta entrevista que antecede o arranque da liderança semestral europeia pela Hungria do controverso primeiro-ministro húngaro Viktor Órban, o representante permanente húngaro junto da UE salienta: "Enquanto presidência, atuaremos como mediadores honestos, colaborando fielmente com todos os Estados-membros e instituições".
A posição surge dias depois de o ex-primeiro-ministro António Costa ter sido eleito pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio, a partir de 01 de dezembro de 2024, sendo o primeiro português e o primeiro socialista no cargo desde a reforma institucional europeia de 2009.
Ainda antes do início da presidência húngara, Budapeste causou polémica em Bruxelas ao escolher como mote "Tornar a Europa Grande de Novo" para este semestre, à semelhança do 'slogan' usado pelo ex-presidente norte-americano, Donald Trump, na campanha presidencial de 2016.
Nesta entrevista à Lusa, Ódor Bálint desvaloriza as críticas: "Ao fim de muitos anos, criámos finalmente um 'slogan' para a presidência que as pessoas vão recordar".
"O 'slogan' desencadeou um debate tanto nos círculos políticos como nos meios de comunicação social e é bom que tenha estimulado uma discussão política substantiva sobre a essência, os objetivos e o futuro da UE. Além disso, o 'slogan' motiva a ação, ilustrando o desejo da presidência húngara de ser uma presidência ativa", elenca o responsável.
Esta escolha de mote surge a poucos meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro, e quando o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, tem conhecidas boas relações com Donald Trump, que pode voltar a ser Presidente dos Estados Unidos.
No que toca às prioridades húngaras, Ódor Bálint diz ainda à Lusa que foram definidas consoante "a necessidade de dar resposta a importantes desafios que a comunidade enfrenta atualmente".
Entre as prioridades estão, assim, o combate à migração ilegal, um novo pacto europeu de competitividade, o reforço da política europeia de defesa, o foco numa política de alargamento coerente e baseada no mérito e especialmente direcionada aos Balcãs Ocidentais, a soberania e segurança alimentares, o futuro da política de coesão, a melhoria da política agrícola da UE centrada na economia e respostas aos problemas demográficos.
Fora deste leque estão, contudo, esforços para aproximar a UE da Ucrânia, dada a conhecia oposição da Hungria a este processo de alargamento e à ajuda a Kiev, mas ainda assim Ódor Bálint adianta à Lusa que Budapeste "acompanhará de perto a evolução da guerra" causada pela invasão russa e avançará com "os trabalhos no Conselho sobre as medidas necessárias".
Numa altura em que a UE assiste a uma transição institucional dadas as mudanças nas instituições europeias pelo novo mandato pós-eleições europeias e em que os Estados-membros se veem confrontados com desafios como a competitividade, a defesa e as migrações, a Hungria assume a presidência rotativa do Conselho entre julho e dezembro de 2024.
Depois da Hungria, será a Polónia a ocupar a presidência semestral da UE no primeiro semestre de 2025, seguindo-se a Dinamarca na segunda metade desse ano.
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