Protestos causam 32 mortos e levam ao corte da Internet no Bangladesh
Os confrontos no Bangladesh entre a polícia e os estudantes causaram 32 mortos, segundo um novo balanço divulgado hoje sobre os protestos que originaram um incêndio na sede da televisão estatal e cortes na Internet.
© Samir Jana/Hindustan Times via Getty Images
Mundo Bangladesh
Centenas de manifestantes, que estão contra as quotas de contratação na função pública, entraram em confronto com polícia de choque, que disparou balas de borracha, e perseguiram a polícia que se refugiou na sede da BTV em Daca, a capital.
Os manifestantes atearam fogo à receção da sede da televisão e a dezenas de veículos estacionados no exterior, referiu à agência France-Presse (AFP) fonte da BTV, que falou sob condição de anonimato.
Um responsável da estação disse à AFP que os funcionários conseguiram evacuar o edifício em segurança, mas que a transmissão tinha sido interrompida.
A primeira-ministra Sheikh Hasina condenou a morte de manifestantes num discurso transmitido pela televisão na quarta-feira e prometeu que os responsáveis seriam punidos independentemente da sua filiação política.
Mas a violência aumentou hoje quando a polícia tentou novamente dispersar os protestos com balas de borracha e bombas de gás lacrimogéneo.
Pelo menos 25 pessoas, incluindo um jornalista, morreram, além das sete mortes relatadas no início da semana, segundo uma contagem hospitalar compilada pela AFP, registando-se também centenas de feridos.
As armas policiais "não letais" são a causa de mais de dois terços destas mortes, segundo descrições fornecidas à AFP pelos hospitais.
Novos confrontos eclodiram em várias cidades do Bangladesh ao longo do dia, enquanto a polícia antimotim atacava os manifestantes, que iniciaram uma nova ronda de bloqueios humanos em estradas e autoestradas.
Didar Malekin, do meio de comunicação 'online' Dhaka Times, disse à AFP que Mehedi Hasan, um dos seus repórteres, foi morto enquanto cobria os confrontos em Daca.
Os protestos quase diários exigem o fim do sistema de quotas que, segundo os opositores, beneficia os jovens dos grupos que apoiam Sheikh Hasina, de 76 anos, que governa o país desde 2009.
Mubashar Hasan, especialista em Bangladesh da Universidade de Oslo, na Noruega, disse que os protestos se transformaram numa expressão de descontentamento generalizado com o regime.
Ao final de mais um dia de violência, a Internet foi praticamente cortada no país, adiantou a NetBlocks, uma organização de monitorização de redes.
Os cidadãos do país asiático relataram cortes na Internet móvel em todo o país, dois dias depois de ter sido cortado o acesso ao Facebook, a principal plataforma para organizar a campanha de protesto.
O vice-ministro das Telecomunicações, Zunaid Ahmed Palak, disse à AFP que o Governo ordenou o corte da rede para evitar "rumores, mentiras e desinformação".
Paralelamente à repressão policial, manifestantes e estudantes aliados da Liga Awami, partido no poder, também entraram em confronto nas ruas com tijolos e varas de bambu.
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