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O que é o Hezbollah, que Israel combate no Líbano?

Após quase um ano de intenso e frequente fogo cruzado, Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah estão agora envolvidos em confrontos ferozes que ameaçam transformar-se numa guerra total.

O que é o Hezbollah, que Israel combate no Líbano?
Notícias ao Minuto

24/09/24 19:08 ‧ Há 4 Horas por Lusa

Mundo Tensão no Médio Oriente

Israel encara um inimigo muito mais robusto no Hezbollah do que aquele que enfrenta no Hamas, na Faixa de Gaza. Muitos consideram o grupo apoiado pelo Irão a força paramilitar mais forte da região -- mas o grupo tem também alas políticas e sociais com um poder considerável no Líbano.

 

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, alertou Israel que o grupo xiita pró-iraniano tem novas armas e capacidades, e publicou imagens de 'drones' de vigilância tiradas nas profundezas do norte de Israel que mostraram o porto de Haifa e outros locais distantes da fronteira Líbano-Israel.

Nos últimos dias, atingiu Israel mais profundamente do que em qualquer altura dos 11 meses de hostilidades, coincidentes com o início da guerra em Gaza entre Israel e o Hamas.

Eis alguns pontos essenciais sobre o grupo xiita libanês Hezbollah:

 O que é o Hezbollah?

Fundado em 1982 durante a guerra civil do Líbano, o Hezbollah dedicou-se inicialmente a pôr fim à ocupação israelita do sul do Líbano. Conseguiu-o em 2000, após uma longa guerra de desgaste que acabou por obrigar Israel a retirar, mas prosseguiu a sua batalha e procura rumo à destruição de Israel.

O Hezbollah faz parte de um conjunto de fações e governos apoiados pelo Irão, conhecido como Eixo da Resistência. Foi o primeiro grupo que o Irão apoiou e utilizou como forma de exportar a sua marca de islamismo político.

Para além de ser um grupo armado, o Hezbollah é também um partido político com deputados no parlamento libanês e tem representantes na maioria dos governos libaneses há décadas. Presta também extensos serviços sociais, incluindo a gestão de escolas e clínicas de saúde, no sul do Líbano e noutras partes do país onde tem uma forte presença.

Nos seus primeiros tempos, o grupo atacou os interesses dos Estados Unidos, fazendo com que Washington o designasse como uma organização terrorista. Estes ataques incluíram a tomada de reféns norte-americanos em Beirute e um ataque com um camião-bomba em 1983 contra um quartel do Corpo de Fuzileiros Navais na capital libanesa, que matou 241 militares norte-americanos.

"O apoio do Irão ajudou o Hezbollah a consolidar a sua posição como o ator político mais poderoso do Líbano, bem como o ator militar mais bem equipado apoiado pelo Irão em todo o Médio Oriente", disse Lina Khatib, diretora do Instituto SOAS do Médio Oriente em Londres, citada pela agência norte-americana Associated Press (AP).

Em 2006, combatentes do Hezbollah emboscaram uma patrulha israelita e fizeram dois soldados israelitas reféns num ataque transfronteiriço. Isto desencadeou uma guerra de um mês entre o Hezbollah e Israel que terminou sem vencedores ou derrotados, mas os bombardeamentos israelitas causaram uma destruição generalizada no sul do Líbano.

O objetivo de Israel era eliminar o Hezbollah, mas o grupo libanês saiu mais forte e tornou-se uma potência militar e política chave na fronteira norte de Israel.

Os opositores nacionais criticaram o Hezbollah por manter o seu arsenal e por passar a dominar o governo.

A reputação do Hezbollah também sofreu quando tomou brevemente uma secção de Beirute em maio de 2008, depois de o Governo libanês ter tomado medidas contra a sua rede privada de telecomunicações.

Quais são as capacidades militares do Hezbollah? 

O Hezbollah é a força paramilitar mais significativa do mundo árabe, com uma estrutura organizacional robusta, bem como um arsenal considerável. Alega ter cerca de 100.000 combatentes.

As capacidades militares do Hezbollah têm aumentado ao longo dos anos e desempenhado um papel fundamental na guerra civil síria, ajudando a manter o Presidente Bashar al-Assad no poder naquele país. Ajudou também a treinar milícias apoiadas pelo Irão na Síria e no Iraque, bem como os rebeldes Huthis do Iémen.

Israel estima que o Hezbollah tenha cerca de 150 mil 'rockets' e mísseis, incluindo mísseis teleguiados e projéteis de longo alcance capazes de atingir qualquer ponto de Israel.

Ao longo do seu último conflito com Israel, o Hezbollah introduziu gradualmente novas armas no seu arsenal.

Embora o Hezbollah tenha inicialmente começado a lançar mísseis e foguetes antitanque, usou pela primeira vez 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) explosivos e mísseis terra-ar.

O líder do movimento, Hassan Nasrallah, disse que os 'drones' são fabricados localmente e têm muitos à sua disposição.

O grupo sofreu um rude golpe na semana passada, quando milhares de dispositivos de comunicação -- 'pagers' e 'walkie-talkies', utilizados principalmente pelos seus membros - explodiram em diferentes partes do Líbano, matando 39 pessoas e ferindo quase 3.000, muitos deles civis.

O ataque -- uma violação embaraçosa da cadeia de abastecimento do Hezbollah -- é amplamente atribuído a Israel.

As forças israelitas também assassinaram recentemente vários líderes seniores do grupo, incluindo um alto comandante militar.

Quem é Hassan Nasrallah?

Nascido em 1960 numa família xiita pobre no subúrbio de Bourj Hammoud, em Beirute, e mais tarde deslocado para o sul do Líbano, Nasrallah estudou teologia e juntou-se ao movimento Amal, uma organização política e paramilitar xiita, antes de se tornar um dos fundadores do Hezbollah.

Tornou-se líder do Hezbollah em 1992, depois de o seu antecessor ter sido morto num ataque israelita.

Idolatrado por muitos por presidir à retirada de Israel do sul e liderar a guerra de 2006, a sua imagem aparece em cartazes e em ofertas em lojas de recordações no Líbano, na Síria e noutros países do mundo árabe.

Mas também enfrenta oposição entre os libaneses que o acusam de ligar o destino do seu país ao Irão.

Nasrallah é também considerado pragmático, capaz de fazer compromissos políticos.

Viveu escondido durante anos, temendo o assassinato israelita, e faz os seus discursos em locais não revelados.

Leia Também: "Israel está a ganhar militarmente, mas a perder na opinião pública"

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