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Presidente do Senegal diz na ONU que é preciso "um novo contrato social"

O Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, declarou na Assembleia Geral das Nações Unidas que é preciso "romper com a lógica de cada um por si" e ser criado "um novo contrato social baseado na solidariedade e na cooperação".

Presidente do Senegal diz na ONU que é preciso "um novo contrato social"
Notícias ao Minuto

10:16 - 26/09/24 por Lusa

Mundo Bassirou Diomaye Faye

"A paz não é apenas a ausência de guerra. A paz é também a possibilidade de cada ser humano viver com dignidade, alimentar-se, ter habitação, ter educação e cuidados médicos", afirmou durante o seu discurso na ONU na quarta-feira, sublinhando que "hoje, mais de 750 milhões de pessoas não comem o suficiente, têm fome".

 

"Milhões vivem na pobreza extrema todos os dias. São números que afastam cada vez mais o mundo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos para 2030. Não podemos aceitar que os mecanismos de governação global continuem a reproduzir estas desigualdades", argumentou.

Assim, Faye sublinhou que "é crucial salvaguardar e reforçar o multilateralismo como quadro único de ação para a paz e segurança internacionais" e isso deve acontecer através de "uma reforma urgente das instituições globais, em particular do Conselho de Segurança (da ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial", com o objetivo de "serem mais inclusivos e refletir as atuais realidades geopolíticas e económicas".

"O continente africano, em particular, deve ter um lugar mais importante nestes órgãos de decisão", disse Faye, apelando ainda à "correção das injustiças económicas" que geram "comércio ilegal, evasão fiscal, fluxos financeiros ilícitos e impostos abusivos", que "prejudicam especialmente os países africanos".

"São injustiças que devem ser corrigidas para que todos os países possam participar plenamente no comércio global e beneficiar do crescimento económico", sublinhou o Presidente senegalês, pedindo ainda para que se aja "decisivamente" contra as alterações climáticas, "respeitando o princípio do comum, mas responsabilidade diferenciada".

"Os países industrializados, historicamente responsáveis pelas enormes emissões de gases com efeito de estufa, devem redobrar os seus esforços para financiar a transição energética, uma transição energética justa e equitativa que não penalize os países em desenvolvimento", argumentou.

Neste sentido, sublinhou que é fundamental "proteger o planeta sem sacrificar os direitos das nações mais vulneráveis para poderem prosseguir o seu desenvolvimento", sublinhando que "é necessário deixar para trás qualquer tentativa de impor normas civilizacionais unilaterais".

"Nenhuma nação deve impor as suas práticas ou valores aos outros como se fossem normas universais. O respeito pelas diferenças é a base da estabilidade e da paz no mundo", destacou o chefe de Estado do Senegal, país que faz fronteira com a Guiné-Bissau.

Por isso, defendeu que o Senegal optou por promover o "desenvolvimento sustentável, com iniciativas ambiciosas em áreas como as energias limpas, a soberania alimentar e a governação transparente", embora tenha sublinhado que é necessária uma "ação coletiva de solidariedade internacional" para obter resultados.

Faye insistiu que o mundo atravessa uma fase em que "os conflitos se expandem, as desigualdades aumentam e a crise climática está a colocar dificuldades a milhões de pessoas no mundo", ao mesmo tempo que acontece um "perturbador julgamento sobre o multilateralismo, numa altura em que a humanidade precisa dele mais do que nunca".

"O mundo tem de se olhar ao espelho sem autocomplacência. Os valores que prometemos defender estão a ser espezinhados em diferentes partes do mundo, em Gaza, em Telavive, em Dacar ou em qualquer outro lugar. Todas as pessoas têm igual dignidade, uma dignidade que transcende fronteiras, culturas e afiliações religiosas", explicou.

"Vemos todos os dias que o direito internacional, que é a base da paz mundial, é violado. As resoluções adotadas por esta Assembleia são ignoradas", criticou, antes de sublinhar que "os alicerces da ONU nunca estiveram tão abalados".

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