Criação de "Estado Bektashi" na Albânia sem influência na adesão à UE
O embaixador da União Europeia (UE) para a Albânia rejeitou hoje que a criação de um "Vaticano" para um ramo do islamismo tenha qualquer influência no processo de integração do país no bloco comunitário.
© Reuters
Mundo Embaixador
"Não acho que a questão de um 'Vaticano Bektashi' seja relevante para o processo de adesão", disse Silvio Gonzato, em declarações a um grupo de jornalistas, em Tirana, capital da Albânia.
No início da semana, o Governo albanês anunciou a criação, em Tirana, de um Estado semelhante ao Vaticano para a Ordem Bektashi, um segmento do sufismo, que está desde 1929 sediado no país.
Em outubro, a Albânia vai avançar com as negociações para aderir ao bloco político-económico, depois de resultados positivos nas reformas que a Comissão Europeia exigia para fazer avançar o processo.
Um dos critérios é a proteção dos direitos religiosos e étnicos, particularmente importantes nesta região, conhecido pela diversidade cultural, étnica e religiosa.
A oposição ao Governo albanês criticou a decisão e na sociedade civil também se levantaram vozes de contestação, questionando o momento do anúncio.
Mas Silvio Gonzato rejeita que haja qualquer intenção populista na decisão.
"Há algo que é preciso compreender [sobre a Albânia], não é uma questão de tolerância, aqui há uma convivência pacífica. As pessoas dizem que isso é reflexo do passado comunista do país, mas houve outros países com esse passado e sem esta convivência, em outros, por exemplo, há uma igreja [religião] que é muito poderosa", sustentou o embaixador.
A decisão do Governo de avançar com a criação de um "Vaticano Bektashi" é uma questão da "mentalidade pragmática dos albaneses", acrescentou.
"Há muitos casamentos 'mistos', por exemplo, entre católicos e muçulmanos e neste muito isso é muito importante. A religião não deve dividir territórios, há um elemento comum a todas que é a dignidade humana", completou, sem querer fazer mais comentários sobre a criação deste Estado dentro da capital albanesa.
No início da semana, o Governo albanês anunciou a intenção de estabelecer um Estado para os muçulmanos sufi Bektashi em Tirana. A ideia do executivo é converter os 27 hectares do Centro Mundial Bektashi, sede daquela vertente do islamismo, num Estado com soberania própria.
O primeiro-ministro, Edi Rama, fez o anúncio parafraseando Teresa de Calcutá, laureada com o Prémio Nobel da Paz: "Nem todos podemos fazer grandes coisas, mas podemos fazer pequenas coisas com grande amor."
Durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, o primeiro-ministro da Albânia esclareceu que este Estado vai ser semelhante à Cidade do Vaticano, centro da Igreja Católica, sediada em Roma (Itália), com o intuito de ser um "centro de moderação, tolerância e coexistência pacífica".
A Ordem Bektashi, que tem origem no Sufismo, foi fundada no século XIII durante o império otomano.
A notícia foi avançada no último sábado, 21 de setembro, pelo diário norte-americano The New York Times.
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