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Macedónia do Norte está a deixar para trás corredor estratégico para NATO

O Corredor VIII, um dos maiores projetos de infraestruturas nos Balcãs Ocidentais, tem importância geoestratégica para a NATO pela possibilidade de transportar rapidamente militares naquela região, mas está a ser deixado para trás.

Macedónia do Norte está a deixar para trás corredor estratégico para NATO
Notícias ao Minuto

29/09/24 11:02 ‧ Há 4 Horas por Lusa

Mundo Macedónia do Norte

O Corredor VIII é uma das maiores ligações pan-europeias, dividida entre caminho-de-ferro e autoestrada, atravessando a Albânia, Macedónia do Norte e a Bulgária, e ligando o Mar Adriático e o Mar Negro.

 

A maior porção deste corredor atravessa a Macedónia do Norte. Juntamente com o Corredor 10, estas infraestruturas regionais também fazem a ligação com os portos da Albânia, Grécia e Bulgária.

Em julho de 2024, durante a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Washington D.C. (Estados Unidos da América), Skopje, Tirana, Sófia e Roma assinaram um acordo de cooperação na mobilidade militar.

Na prática, o acordo permite a deslocar rapidamente militares da NATO por este corredor na eventualidade de um conflito ou de reposicionar tropas em função da evolução do panorama geopolítico.

Numa altura de agravamento de tensões entre a Aliança Atlântica e a Rússia, por causa da guerra na Ucrânia, este corredor ganhou potencial geoestratégico acrescido: de aumentar a pressão sobre Moscovo no Mar Negro, que tem utilizado este mar para aumentar a sua esfera de influência na região; e de 'fechar' ainda mais a possibilidade de o Kremlin invadir outros territórios, mobilizando rapidamente tropas pelos países dos Balcãs.

Mas o Corredor VIII está a ser colocado de parte e a sua reabilitação avança, mas a um ritmo menor do que o esperado.

Em julho deste ano, pouco depois da assinatura do acordo com Itália, Albânia e Bulgária, o Governo da Macedónia do Norte anunciou a intenção de realocar fundos que estavam destinados para este corredor e aplicá-los ao Corredor 10, para melhorar a ligação a Belgrado (Sérvia).

No dia 02 de agosto a Comissão Europeia alertou que os fundos não podiam ser utilizados para outra infraestrutura e a decisão criou tensões na região.

A voz mais contundente surgiu do Governo búlgaro, que alinhou com a justificação da Comissão Europeia e exigiu o cumprimento do que ficou estabelecido na cimeira da NATO e também o que estava estabelecido num acordo bilateral de 1993.

O executivo da Macedónia do Norte fez-se valer do mesmo acordo bilateral assinado na década de 1990 e acusou Sófia de estar em incumprimento.

"É de particular importância que a Bulgária esteja disponível para cooperar [...] e que cumpra com as suas obrigações do acordo bilateral de 1993", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Macedónia do Norte, Timcho Mucunski, numa declaração escrita datada de 30 de julho.

A preocupação com o Corredor 08 também surge num momento em que, apesar da assinatura do acordo na cimeira da NATO, o Governo na Macedónia do Norte mudou, na sequência das eleições legislativas de 08 de maio, sendo hoje liderado por um partido menos próximo da União Europeia e com algumas posições favoráveis à Rússia de Vladimir Putin.

O Corredor VIII tem financiamento de várias instituições, como o Mecanismo da União Europeia para Investimento nos Balcãs Ocidentais, que disponibilizou 14 milhões de euros em empréstimo para reabilitar um troço de 23 quilómetros que liga Kriva Palanka a Stracin.

A reabilitação desta estrada vai encurtar em a distância entre Skopje e Sófia e o investimento total nesta obra é de 105 milhões de euros.

Mas neste corredor há outros investimentos, nomeadamente chineses.

Em 2014, a construtora chinesa Sinohydro venceu um concurso para reabilitar um troço de 57 quilómetros que encurtava a distância entre Kicevo e Ohrid, na fronteira com a Albânia.

Mas a construtora demorou mais de dez anos a avançar com o projeto, que ainda não está concluído. O contrato foi assinado em 2014 com o antigo primeiro-ministro Nikola Gruevski, que deixou de exercer funções executivas dois anos depois na sequência de um escândalo de corrupção.

A Sinohydro está na 'lista negra' do Banco Mundial e o Governo da Macedónia do Norte admitiu no início de 2024 romper com o contrato face aos sucessivos atrasos, mas o parlamento prolongou a licença até 31 de dezembro de 2026, para que a empresa consiga finalizar a obra.

No entanto, a empresa chinesa ganhou mais dois concursos de infraestruturas no país.

Questionado sobre o assunto, durante uma visita organizada pela Comissão Europeia, Koce Trajanovski, diretor da empresa estatal para a construção de estradas na Macedónia do Norte, limitou-se a dizer que o projeto estava a decorrer dentro do esperado, rejeitando comentar qualquer polémica, atraso ou revelar valores acrescidos à obra por causa dos atrasos.

+++ A Lusa viajou a convite da Comissão Europeia +++

Leia Também: Albânia cada vez mais próxima da UE, Macedónia do Norte 'trava' adesão

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