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"Estado vassalo". Rússia tornou-se "totalmente dependente" da China

A invasão da Ucrânia pela Rússia, tornou este país "totalmente dependente da China para o seu comércio, componentes e recursos", defende a jornalista e historiadora norte-americana Anne Applebaum.

"Estado vassalo". Rússia tornou-se "totalmente dependente" da China
Notícias ao Minuto

06/10/24 09:53 ‧ Há 3 Horas por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"Ninguém poderia ter previsto que a Rússia se tornaria num Estado vassalo da China", disse Applebaum em entrevista à Lusa a partir de Nova Iorque.

 

Com uma economia enfraquecida e perda da qualidade de vida dos seus cidadãos, a Rússia acabou por se tornar "totalmente dependente da China para o seu comércio, componentes e recursos", defendeu.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

As contribuições chinesas no conflito europeu, adiantou Applebaum, traduzem-se no "fornecimento de componentes e peças que alimentam a indústria de defesa russa".

Estes contributos são ainda reforçados com uma parceria na desinformação, área onde "os russos costumavam ter um grupo separado de operações", mas onde estão agora "cada vez mais a trabalhar em conjunto com os chineses para transmitir mensagens semelhantes", explicou Applebaum.

Autora do novo livro "Autocracia, Inc. - Os ditadores que querem governar o mundo", Anne Applebaum é historiadora e jornalista norte-americana, vencedora do Prémio Pulitzer em 2004.

Applebaum é ainda redatora da equipa do The Atlantic e membro sénior do Agora Institute da Universidade Johns Hopkins, onde co-dirige um projeto sobre a desinformação do século XXI.

A autora criticou ainda a inaptidão das democracias liberais em executar as sanções impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia, cujo objetivo passa por "dificultar a produção de novas armas".

Esta inação, continuou, deve-se à "quantidade excessiva de sanções", à "falta de um sistema que seja capaz de combater a evasão russa" às mesmas e a "desatenção aos aliados da Rússia" aquando o início da guerra.

"Não considerámos que a Rússia tinha um aliado no Irão, na Coreia do Norte, na China, países que continuariam a fornecer armas, drones, mísseis e munições", disse.

Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra a Rússia para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

Em 'Autocracia, Inc.', Applebaum explora esta rede autocrática complexa e ideologicamente diversa, composta por Estados como "a Rússia nacionalista, a China comunista, a Venezuela socialista bolivariana e o Irão teocrático", agora liderada por Pequim, emergente e enriquecida.

Para disseminar mensagens encorajadoras sobre a "estabilidade e segurança" dos regimes autocráticos, face às democracias "divididas, fracas, débeis e degeneradas", a China recorre aos meios e sistemas tecnológicos mais eficazes de controlo e vigilância no mundo, afirmou a autora norte-americana.

No entanto, a jornalista sublinha as várias fragilidades deste líder "colossal", que recaem sobre vários "elementos fracos" na sua economia, "um enfraquecimento progressivo do tecido empresarial" e "desafios políticos internos", fruto do descontentamento dos seus cidadãos perante o regime.

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