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Biden "mira" Corredor do Lobito e minerais, Angola ensaia "diplomacia"

O analista Osvaldo Mboco considera que o Presidente norte-americano, Joe Biden, visita Angola pela posição geopolítica do país em África, a importância do Corredor do Lobito e os recursos minerais, defendendo "jogo de cintura" para salvaguardar os interesses angolanos.

Biden "mira" Corredor do Lobito e minerais, Angola ensaia "diplomacia"
Notícias ao Minuto

08/10/24 12:57 ‧ Há 5 Horas por Lusa

Mundo EUA

Osvaldo Mboco realçou que encontros ao mais alto nível produzem sempre efeitos que concorrem significativamente para a cooperação em áreas chaves, como na economia, segurança e desenvolvimento sustentável.

 

"Há um elemento que não podemos descorar que é o interesse norte-americano no Estado angolano pela sua posição geográfica, pelas infraestruturas, principalmente do Corredor do Lobito, e também a importância geopolítica que Angola tem no continente africano", afirmou o especialista em relações internacionais à Lusa.

O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, visita Angola entre 13 e 15 de outubro e deve, com o seu homólogo angolano, João Lourenço, reforçar a cooperação entre Luanda e Washington e "discutir uma maior colaboração em prioridades partilhadas", avançou a Presidência angolana.

A vinda de Biden ao país lusófono africano, entende Osvaldo Mboco, deriva de uma "estratégia americana de maior aproximação com países que têm posição geopolítica bastante significativa", como é o caso de Angola, que pode esperar por "maiores investimentos" por parte dos EUA.

"Eles (os EUA) podem aumentar o envolvimento em maiores projetos em termos de infraestruturas, tecnologia, também olhando um pouco para o setor da agricultura e de facto consolidar o setor petrolífero, que é o maior setor de cooperação entre os dois Estados", realçou.

Considerou mesmo que se os referidos setores tiverem algum investimento por parte dos EUA -- no quadro da visita de Joe Biden -- "estaria a concorrer para a diversificação económica, que é uma estratégia que Angola pretende de facto alcançar".

Mboco salientou que o que move os Estados, e particularmente os EUA, são os interesses, insistindo que os norte-americanos têm interesse no acesso aos recursos naturais do Estado angolano, na questão do fornecimento de petróleo e dos minerais críticos.

Os EUA também podem procurar "garantia de uma estratégia de segurança energética" e além disso, sublinhou, veem Angola enquanto um ator chave na gestão e resolução de conflitos, na estabilização da África Austral e Central".

Entende, por outro lado, que Washington espera que Angola "continue a fazer as reformas estruturais e estruturantes" que tem estado a fazer do ponto de vista político, económico e judicial, que "concorrem significativamente para promover a transparência, a boa governação, o combate à corrupção e para melhorar a imagem de Angola no sistema internacional", disse.

O país africano deve, defendeu o analista, adotar uma diplomacia de "jogo de cintura" para "não criar qualquer irritante político" e pôr em causa os interesses das grandes potências, nomeadamente a China, Rússia e os EUA, no país.

Angola é um dos países onde existe uma "corrida" entre as três grandes potências, mas, argumentou, "claramente, o ponto central para o país é salvaguardar sempre os seus interesses" junto dos Estados que têm "maior expressão comparativamente aos outros", defendeu.

Osvaldo Mboco considerou ainda que Angola tem adotado uma política externa "multi-vetorial, buscando os equilíbrios", daí a sua visão da "diplomacia de jogo de cintura", acreditando que a visita de Biden "pode até despertar o maior interesse por parte de países como a China e a Rússia de prestar uma atenção redobrada ao Estado angolano".

Parcerias no domínio da segurança, "devido as vários riscos e ameaças à soberania dos Estados africanos, que, algumas vezes, pode ter implicações para a segurança global", e apoios para as energias limpas, devem também emergir do encontro entre Lourenço e Biden, como assinalouo especialista.

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