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"Nível de teoria da conspiração" nos EUA inédito com furacões

Redação, 22 out 2024 (Lusa) - A politóloga norte-americana Anne-Marie Slaughter afirma ser inédito e "inimaginável o nível de teorias da conspiração" propagadas nos Estados Unidos sobre os furacões que nas últimas semanas arrasaram o sul do país.

"Nível de teoria da conspiração" nos EUA inédito com furacões
Notícias ao Minuto

22/10/24 08:20 ‧ Há 4 Horas por Lusa

Mundo EUA/Eleições

Redação, 22 out 2024 (Lusa) - A politóloga norte-americana Anne-Marie Slaughter afirma ser inédito e "inimaginável o nível de teorias da conspiração" propagadas nos Estados Unidos sobre os furacões que nas últimas semanas arrasaram o sul do país.

 

"É muito assustador que as pessoas possam realmente acreditar que o governo federal não está a prestar a ajuda necessária ou que os democratas, de alguma maneira, conseguem mudar o estado do tempo", disse Slaughter à Lusa em Lisboa, em referência a insinuações, entre outros republicanos, da congressista Marjorie Taylor-Greene, de que a administração do democrata Joe Biden estaria na origem dos furacões e teria sonegado auxílio às vítimas.

"É um nível de teorias da conspiração a que nunca pensei que se pudesse chegar e é muito assustador", adiantou.

Os furacões Helene e Milton causaram devastação aos Estados da Florida, Georgia e Carolina do Norte, onde centenas de pessoas perderam a vida, milhões de residentes ficaram sem eletricidade e foram registados milhares de milhões de dólares em prejuízos.

O candidato republicano Donald Trump e o seu companheiro de corrida J.D. Vance, têm feito acusações relativamente à agência federal de gestão de catástrofes (FEMA) e à sua capacidade de apoiar as vítimas, acusando-a de desviar fundos para ajudar imigrantes.

A candidata democrata Kamala Harris acusou Donald Trump de espalhar desinformação sobre a resposta do governo aos furacões, e o próprio Presidente Joe Biden o responsabilizou por espalhar mentiras "anti-americanas" sobre os furacões que vão contra os valores do país.

Num evento de campanha na segunda-feira, Trump reiterou as acusações e insinuações.

Já em 2016, na sua primeira campanha presidencial, Donald Trump rotulou os jornalistas de "inimigos do povo", uma semana após a sua equipa ter distribuído folhetos que instavam os apoiantes a "lutar contra os ataques e as fraudes dos meios de comunicação social".

A politóloga defende que a propagação da desinformação ocorre devido à falta de fontes de notícias reconhecidas como credíveis, o que acaba por afetar "comunidades muito isoladas e polarizadas", através das redes sociais.

A situação, considera, poderia ser amenizada com o "restabelecimento das notícias locais".

"O jornal local era composto por pessoas que conhecíamos, conhecíamos o editor e conhecíamos os repórteres e apresentavam os dois lados, mas era o único jornal local. E esses jornais foram comprados e desapareceram", disse Slaughter à Lusa.

Slaughter apontou ainda uma tendência de retorno à adesão às subscrições de imprensa, pois "há tanto lixo na Internet que as pessoas reconhecem realmente que têm de pagar para ter bom jornalismo".

Anne-Marie Slaughter, que esteve em Portugal a convite da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, é uma cientista política norte-americana, atualmente diretora-geral do "centro de investigação e ação" New America e autora e editora de nove obras.

Foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Diretora de Planeamento de Políticas no Departamento de Estado dos EUA, nomeada pela secretária de Estado Hillary Clinton, em 2009, tendo sido anteriormente Diretora da Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Princeton.

Para além do retorno aos media locais, a politóloga referiu que é necessário que os media sejam "mais responsabilizados pelas coisas que são publicadas" e ainda que é preciso "regulamentar as redes sociais para as crianças", devido ao seu alto nível de adição.

"As pessoas são essencialmente viciadas nas redes sociais, da mesma forma que os cigarros, o álcool ou qualquer outra coisa é viciante. Temos centros do cérebro que respondem e temos de nos certificar de que estamos a proteger as pessoas da mesma forma que protegemos as crianças dos cigarros ou do álcool", disse.

Leia Também: Retórica anti-media de Trump prejudica trabalho de jornalistas

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