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Votação para eleger 6.º líder Conservador em 10 anos termina hoje

A votação dos militantes conservadores britânicos termina hoje e um dos dois finalistas, Kemi Badenoch ou Robert Jenrick, será anunciado no sábado líder do Partido Conservador, atualmente na oposição depois de 14 anos sucessivos no Governo. 

Votação para eleger 6.º líder Conservador em 10 anos termina hoje
Notícias ao Minuto

31/10/24 12:51 ‧ Há 4 Horas por Lusa

Mundo Reino Unido

Uma sondagem do site ConservativeHome na semana passada dava uma vantagem de 34 pontos percentuais à antiga ministra da Economia, mas esta eleição interna já foi abalada antes por surpresas, como a eliminação do favorito James Cleverly, visto como mais moderado. 

 

Tanto Badenoch como Jenrick são considerados representantes da ala mais à direita dos 'tories' (conservadores), crítica do multiculturalismo, do discurso 'woke', adepta da redução da imigração e dos impostos. 

Nascida no Reino Unido, filha de pais de origem nigeriana e criada no país africano, Kemi Badenoch, de 44 anos, defende um regresso aos valores conservadores, acusando o partido de se ter tornado mais "liberal" em questões sociais como o género e de ter "governado à esquerda".

"Vi o sistema por dentro e o sistema está falido", proclamou no Congresso dos Conservadores, no início de outubro, propondo-se a "reconfigurar, relançar e reprogramar" o Estado britânico.

Algumas das posições causaram polémica, como quando, no final de setembro, declarou que o pagamento da licença de maternidade era "excessivo" ou afirmou ao ao jornal Sunday Telegraph que "nem todas as culturas são iguais".

Esta tendência de fazer comentários impulsivamente é considerada uma fraqueza pelos críticos, enquanto os admiradores elogiam a capacidade argumentativa e um pensamento crítico estimulante. 

Antes de entrar para a política, esta engenheira de formação trabalhou nos sectores bancário e informático.

A primeira candidatura à liderança do Partido Conservador ocorreu em 2022, após a demissão de Boris Johnson, e, apesar de ser relativamente desconhecida, ficou em quarto lugar.

Robert Jenrick, de 42 anos, é um novato neste processo e só assumiu ambições à liderança depois de se demitir, em dezembro de 2023, do cargo de secretário de Estado da Imigração por considerar que o plano de Rishi Sunak para deportar migrantes para o Ruanda não ia suficientemente longe.

De moderado que se opôs ao 'Brexit' no referendo britânico de 2016, tornou-se mais acentuadamente nacionalista e populista com vista a recuperar os eleitores que trocaram o Partido Conservador pelo Partido Reformista de Nigel Farage nas eleições legislativas de julho. 

Jenrick quer rescindir a Convenção Europeia dos Direitos Humanos para poder deportar mais imigrantes e acabar com a migração em massa, quer abolir as metas de redução das emissões de carbono e "defender a nossa nação e a nossa cultura, a nossa identidade e o nosso modo de vida".

A admiração do antigo advogado de direito comercial, eleito deputado desde 2014, pela antiga primeira-ministra levou a chamar a uma das três filhas "Thatcher" como nome do meio.

Durante a campanha, avançou com uma série de promessas políticas, enquanto Badenoch foi mais comedida, uma atitude que o politólogo Tim Bale pretende evitar "assumir uma série de compromissos que poderão revelar-se irrelevantes ou contraproducentes" nas próximas eleições legislativas, em 2028 ou 2029. 

Professor na Universidade Queen Mary, em Londres, Bale afirma que "seria necessário um milagre particularmente especial para que um partido que foi tão duramente derrotado no início deste ano voltasse [ao poder] em apenas uma legislatura", mas lembra que é possível, como demonstrou Keir Starmer à frente do Partido Trabalhista.

"Os milagres podem acontecer - os trabalhistas recuperaram o poder em julho, depois da sua pior derrota em décadas, há menos de cinco anos", explicou à Agência Lusa. 

Bale desvaloriza a ameaça do Partido Reformista, que ganhou 14,3% dos votos a nível nacional e ficou à frente dos 'tories (24%) em 94 circunscrições eleitorais, apesar de só ter eleito cinco deputados.  

"Os partidos de Farage brilham durante algum tempo, mas depois dissolvem-se em rancores e lutas internas", justificou, referindo ainda a história, infraestrutura e reputação do Partido Conservador como vantagens. 

Quando à longevidade do novo líder do Partido Conservador, que será o sexto em 10 anos, o académico autor de vários livros sobre a história do partido recorda o impacto que a vitória do trabalhista Tony Blair teve ao acabar com 18 anos de governos 'tory'.  

"Se 1997 servir de referência, o partido vai deslocar-se para a direita durante alguns anos até que novas derrotas [eleitorais] e uma nova liderança o convençam de que as eleições gerais britânicas são normalmente ganhas a partir do centro", prognosticou.

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