Brasil critica "tom ofensivo" da Venezuela depois de ter vetado entrada no BRICS
O Governo brasileiro criticou hoje "manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais" nos últimos dias, depois do país ter barrado a entrada do vizinho no BRICS.
© Reuters
Mundo Brasil
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou que "a opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o Governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo".
A reação ocorre depois de o Brasil ter vetado a entrada da Venezuela como membro associado do BRICS, grupo fundado pelos países emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que a partir de janeiro de 2024 passou a ser integrado também pelo Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irão.
Na quinta-feira, a Polícia Nacional Bolivariana publicou uma foto que mostra a bandeira do Brasil e a silhueta do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, com os dizeres: "Quem mexe com a Venezuela dá-se mal".
Antes disso, em 29 de outubro último, o assessor para assuntos internacionais do Governo brasileiro, Celso Amorim, declarou que nas recentes eleições venezuelanas "não foi respeitado o princípio da transparência", razão pela qual a proclamada vitória do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não pode ser reconhecida.
Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores durante os dois primeiros mandatos de Lula da Silva, compareceu na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados para explicar a posição do Brasil em relação ao turbulento processo eleitoral venezuelano.
O assessor disse que, nas suas tentativas de mediação, o Brasil tem se pautado pelos princípios da "defesa da democracia, da não ingerência nos assuntos internos e da resolução pacífica das controvérsias".
No entanto, Amorim sublinhou que, como não foram publicados os resultados detalhados das eleições na Venezuela, nas quais as autoridades eleitorais proclamaram a vitória de Maduro, "o princípio da transparência não foi respeitado".
Na quarta-feira, a Venezuela convocou o seu embaixador no Brasil, Manuel Vedell, para consultas, em resposta às declarações de Celso Amorim.
"Informa-se a comunidade nacional e internacional que, seguindo instruções do Presidente, Nicolás Maduro Moros, foi decidido convocar imediatamente o embaixador Manuel Vadel, que nos representa em Brasília, para consultas", afirmou o Governo venezuelano num comunicado.
No comunicado divulgado hoje, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro declarou que "o Brasil sempre teve muito apreço ao princípio da não-intervenção e respeita plenamente a soberania de cada país e em especial a de seus vizinhos".
De acordo com a mesma mensagem, o "interesse do Governo brasileiro sobre o processo eleitoral venezuelano decorre, entre outros fatores, da condição de testemunha dos Acordos de Barbados, para o qual foi convidado, assim como para o acompanhamento do pleito de 28 de julho".
O Governo brasileiro concluiu destacando que "segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo".
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