Três mortes em Hong Kong ligadas a nova droga sintética
As autoridades da região semiautónoma chinesa de Hong Kong confirmaram na sexta-feira terem suspeitas de que pelo menos três mortes estão relacionadas com uma nova droga sintética conhecida como 'petróleo espacial'.
© Lusa
Mundo Hong Kong
Este narcótico, que é normalmente apresentado em cápsulas para cigarros eletrónicos, contém etomidato, um anestésico que só pode ser prescrito por profissionais de saúde.
Chong Yeow-kuan, consultor do Laboratório de Referência em Toxicologia do Centro de Controlo de Venenos de Hong Kong, disse numa conferência de imprensa que, na ausência de outras causas óbvias de morte, a deteção de etomidato nos corpos dos falecidos sugere uma ligação direta com o uso desta substância.
O aumento da preocupação das autoridades com o 'petróleo espacial' deve-se também à subida nas detenções relacionadas com este composto, que cresceram quase 10 vezes em comparação com o ano anterior.
Até ao final de setembro, a polícia de Hong Kong tinha detido 98 pessoas em 60 processos, confiscando um total de 2.800 gramas e 510 ml do produto. Entre os detidos, 16 eram jovens com menos de 21 anos.
Em todo o ano de 2023, apenas nove pessoas tinha sido detidas em ligação ao 'petróleo espacial'.
Esta droga é conhecida em Hong Kong como 'droga zombie' porque pode causar graves danos físicos e mentais, incluindo dependência, perda de memória, convulsões, perda de consciência e até morte, de acordo com o Comité de Ação contra as Drogas do governo da região chinesa.
As autoridades decidiram tomar uma posição pública mais firme contra a utilização e o tráfico do 'petróleo espacial', sublinhando a urgência de atacar este problema de saúde pública.
De acordo com a imprensa local, a polícia desmantelou um laboratório que produzia esta droga, apreendendo cerca de 1,5 quilogramas de etomidato, e deteve um homem de 20 anos.
A polícia descreveu o laboratório como rudimentar e perigoso, alertando que o consumo de 'petróleo espacial' poderia facilmente levar a overdoses fatais.
Na semana passada, o secretário para a Segurança de Hong Kong, Chris Tang Ping-keung, disse que a região estava a trabalhar para incluir o etomidato na lista de produtos perigosos alvo de restrições já no início de 2025.
O etomidato é atualmente classificado como uma substância controlada, pelo que a venda ou posse ilegal pode acarretar uma pena de dois anos de prisão e uma multa de 100 mil dólares de Hong Kong (12 mil euros).
"A posse ilegal ou fumar, inalar, ingerir e injetar 'petróleo espacial' contendo etomidato será passível de uma pena máxima de sete anos de prisão e uma multa de um milhão de dólares de Hong Kong [118 mil euros]. O tráfico ou importação ilegal de tal substância será passível de uma pena máxima de prisão perpétua e de uma multa de cinco milhões de dólares de Hong Kong [591 mil euros]", acrescentou Tang.
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