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Mais delegados de empresas petrolíferas do que de países vulneráveis

Quase 1.800 pessoas ligadas aos interesses dos combustíveis fósseis foram acreditadas para a conferência da ONU sobre o clima (COP29) que decorre em Baku, Azerbaijão, indicam dados hoje divulgados por uma organização não-governamental (ONG).

Mais delegados de empresas petrolíferas do que de países vulneráveis
Notícias ao Minuto

15/11/24 14:25 ‧ Há 4 Horas por Lusa

Mundo COP29

A coligação 'Kick Big Polluters Out' (KBPO) estima que "pelo menos 1.773 lobistas especializados em combustíveis fósseis foram autorizados a participar" na conferência da ONU sobre o clima que decorre até dia 22.

 

Tal como no ano passado, o número de lobistas dos combustíveis fósseis "ultrapassou o das delegações de quase todos os países", com exceção do Azerbaijão (2.229), do Brasil (1.914), que vai ser país anfitrião da COP30 em 2025, e da Turquia (.1862), refere a KBPO, que reúne 450 ONG.

De acordo com a contagem, os lobistas ligados à indústria dos combustíveis fósseis "receberam mais passes para a COP29 do que todos os delegados (1.033)dos 10 países mais vulneráveis ao aquecimento global, sublinhando até que ponto a presença da indústria eclipsa os que estão na linha da frente da crise climática", afirmou em comunicado a coligação de ONG.

"É altura de dar prioridade às vozes dos que lutam pela justiça e pelo desenvolvimento sustentável, e não aos interesses dos poluidores", afirmou Nnimmo Bassey, da Fundação Saúde da Mãe Terra, no comunicado.

A presença muito visível dos interesses do petróleo, do gás e do carvão nas COP é, desde há muito, uma fonte de controvérsia. A nomeação de Sultan Al Jaber, diretor da companhia petrolífera dos Emirados Árabes Unidos, para a presidência da COP28, no ano passado, suscitou fortes críticas.

Este ano, a COP realiza-se no Azerbaijão, um país que dispõe de reservas de hidrocarbonetos, um recurso descrito pelo Presidente, Ilham Aliyev, como uma "dádiva de Deus".

Os participantes nas COP estão geralmente ligados a um governo ou a uma organização registada.

As novas regras da ONU facilitam o controlo da presença de lobistas por parte dos observadores e, desde a COP28, os participantes são obrigados a declarar informações sobre a sua entidade patronal e a sua relação - financeira ou outra - com a entidade que solicita a sua acreditação.

Entre as delegações nacionais, o Japão inscreveu na COP29 o gigante do carvão 'Sumitomo' e o Canadá os produtores de petróleo 'Suncor' e 'Tourmaline'.

O Reino Unido colocou na COP "20 lobistas", enquanto a Itália inscreveu funcionários das empresas de energia 'Eni' e 'Enel'. Em conjunto, os grandes grupos petrolíferos ocidentais 'Chevron', 'ExxonMobil', 'BP', 'Shell' e 'Eni' reuniram um total de "39 lobistas".

De acordo com a coligação, um número recorde de 2.456 pessoas com interesses no setor dos combustíveis fósseis inscreveu-se na COP28 no Dubai, contra 636 no ano anterior, no Egito. A COP28 terminou, no entanto, com um apelo sem precedentes para acelerar a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.

Cerca de 53.000 pessoas foram acreditadas para a COP29, sem contar com o pessoal técnico e da organização, segundo a ONU.

Leia Também: COP29. Estudo conclui que cidades da Ásia e EUA são as que mais poluem

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