Bielorrússia detém dezenas de familiares de dissidentes antes das eleições
As autoridades bielorrussas detiveram mais de 100 familiares de presos políticos numa nova vaga de detenções antes das eleições de janeiro, nas quais o Presidente, Alexander Lukashenko, se candidata a um sétimo mandato, disseram hoje ativistas.
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Mundo Bielorrússia
O grupo bielorrusso de defesa dos direitos humanos Viasna afirmou que as rusgas começaram na quinta-feira, visando familiares e amigos de presos políticos em várias cidades do país.
As rusgas marcaram um aparente esforço para erradicar qualquer sinal de oposição a Lukashenko, que está no poder há mais de 30 anos, disse o grupo.
A líder da oposição bielorrussa no exílio, Sviatlana Tsikhanuskaya, denunciou as últimas detenções como um "golpe na solidariedade entre os bielorrussos antes das pseudo-eleições de janeiro".
"O regime está a tentar quebrar a nossa solidariedade e assustar as famílias que estão a ajudar os seus familiares presos", disse à agência norte-americana AP.
Andrej Stryzhak, diretor do grupo BySol, que coordena a assistência a presos políticos e ajuda a evacuar dissidentes, afirmou que a organização estava a fazer o possível para ajudar as pessoas a deixar o país se temessem ser presas.
"As autoridades estão a tentar destruir uma rede de solidariedade que surgiu na Bielorrússia durante quatro anos de repressão brutal", disse.
"O serviço de evacuação da BySol tem estado a funcionar em pleno. Temos muitos pedidos", reiterou Stryzhak.
As autoridades bielorrussas responderam aos protestos maciços desencadeados pela votação amplamente contestada de 2020, que deu a Lukashenko um sexto mandato, com uma repressão brutal na qual cerca de 65.000 pessoas foram detidas.
As principais figuras da oposição foram presas ou fugiram do país e cerca de 1.300 presos políticos encontram-se atualmente detidos no país, aos quais são negados cuidados médicos adequados e o contacto com as suas famílias, afirmaram ativistas dos direitos humanos.
As autoridades intensificaram a repressão antes das eleições de 26 de janeiro, com uma recente vaga de detenções que visou também os participantes em conversas 'online', criados por residentes em várias cidades bielorrussas.
Simultaneamente, Lukashenko indultou 146 presos políticos desde julho, o que os observadores consideraram um sinal de abertura ao diálogo com os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE), que impuseram sanções severas devido à repressão da dissidência.
Os libertados sofriam de problemas de saúde, escreveram pedidos de perdão e disseram-se arrependidos.
No início desta semana, as autoridades permitiram que a ativista Maria Kolesnikova, uma das figuras mais populares da oposição, se encontrasse com o pai, depois de mais de 20 meses sem qualquer comunicação com familiares ou amigos.
"As autoridades estão a levar a cabo uma campanha de informação para criar uma aparência de 'degelo', o que aumenta os riscos para os bielorrussos politicamente ativos", disse Stryzhak.
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