Von der Leyen tem "responsabilidade" de avançar com verbas para Defesa
O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, defende que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem "maior responsabilidade" de propor verbas comuns para a defesa devido à "situação política precária" de França e Alemanha.
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Mundo Gentiloni
"O atual contexto dá à Comissão Europeia e à presidente Von der Leyen uma ainda maior responsabilidade e, coisas que poderiam ter sido impensáveis há alguns meses, poderão agora avançar", declarou Paolo Gentiloni.
Em entrevista à agência Lusa e outros três meios europeus, em Bruxelas, no dia em que a instituição apresentou previsões de outono marcadas por crescimento económico moderado, o responsável falou numa "sensação de urgência" e de "necessidade" de a União Europeia (UE) investir em defesa.
"A enorme vitória do Presidente Trump nas eleições [norte-americanas], que é um facto histórico, pode ser uma chamada de atenção para a Europa, dirigida àqueles que devem acordar, que são duas maiores economias com uma situação política bastante precária", apontou Paolo Gentiloni, pedindo que a UE não dependa dos Estados Unidos para a sua segurança e que não fique a aguardar uma liderança política franco-alemã como aconteceu no passado.
"A Comissão tem, por definição, o monopólio da iniciativa e poderia propor, por exemplo, um fundo comum para a defesa", sugeriu.
Numa altura de crises políticas em França e na Alemanha, Paolo Gentiloni comparou que, quando a UE teve de avançar com medidas únicas até então, como a emissão de dívida conjunta para financiar o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, "a iniciativa veio do Presidente [francês, Emmanuel] Macron e da chanceler [alemã, Angela] Merkel".
Porém, dada tal instabilidade política em Paris e Berlim, "a Comissão e a sua presidente têm não só o direito jurídico formal de iniciativa, como também o dever" pois "quando entrarem em funções terão um poder executivo estável e uma presidente experiente".
"Estamos numa altura de 'agora ou nunca'", defendeu.
Quando questionado pela Lusa sobre um eventual redirecionamento de verbas da coesão para segurança, no período 2021-2027, Paolo Gentiloni recusou tal proposta, frisando tratarem-se de "cenários muito controversos a circular na Comissão" e que, por isso, "necessitam de muita discussão para se transformar numa decisão e numa proposta".
Certo é que outras iniciativas avançam já em Bruxelas, como a aprovação, na quinta-feira, pela Comissão Europeia do financiamento de cinco projetos transfronteiriços para apoiar contratação pública no setor da defesa da UE (sem abranger Portugal), num montante total de 300 milhões de euros.
O antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi defendeu, no seu aguardado relatório divulgado em setembro passado, uma emissão regular de dívida comum na UE, como aconteceu na covid-19, e um investimento maciço em defesa, propondo uma nova estratégia industrial comunitária.
Mario Draghi estimou em 800 mil milhões de euros as necessidades anuais de investimento adicional no espaço comunitário, o equivalente a mais de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) comunitário - o dobro do realizado no pós Segunda Guerra Mundial com o Plano Marshall -, no âmbito de uma nova estratégia industrial comunitária.
O também antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta propôs, num outro relatório divulgado em abril passado, dívida conjunta com planos de reembolsos claros, empréstimos em condições favoráveis e apoio do Banco Europeu de Investimento para financiar o investimento da UE em Segurança e Defesa.
Cálculos da Comissão Europeia divulgados em junho passado revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.
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