Moscovo manifesta preocupação com agitação na Abcásia e critica oposição
A Rússia manifestou hoje preocupação com os violentos distúrbios na república separatista georgiana da Abcásia, criticando também a oposição por renunciar ao diálogo e provocar uma "escalada do conflito" com as autoridades legítimas.
© Maksim Konstantinov/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo Rússia
"Acompanhamos com preocupação os acontecimentos na vizinha e amiga Abcásia, onde as contradições políticas se agravaram mais uma vez", frisou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, em comunicado.
A diplomacia russa lamentou que a oposição "não tenha considerado possível resolver as suas diferenças com as autoridades legítimas através de um diálogo civilizado e mutuamente respeitoso, e tenha saído do quadro jurídico, provocando uma escalada do conflito".
Maria Zakharova considerou que a crise apenas irá abrandar o desenvolvimento socioeconómico da república, uma vez que não contribuirá para a captação de investimento estrangeiro.
No entanto, sublinhou que Moscovo não interferirá nos assuntos internos da Abcásia e confia que a situação atual será resolvida de forma pacífica, embora considere obrigatório que a ordem pública seja respeitada.
Zakharova recomendou ainda que os cidadãos russos se abstenham de viajar para a região e que aqueles que já se encontram no seu território sejam cautelosos e, o mais rapidamente possível, abandonem a Abcásia.
A oposição na Abcásia tomou hoje os principais edifícios governamentais da república em protesto contra um acordo com Moscovo que permite às empresas russas investir neste território banhado pelo mar Negro.
Foram tomados os edifícios do Parlamento, da administração presidencial e da sede do Governo, situação que obrigou os membros das forças de segurança a abandonar aqueles edifícios.
"O povo controla o edifício da administração presidencial, o Parlamento e também a televisão estatal", frisou Adgur Ardzinba, um líder da oposição, citado pela agência de notícias Interfax.
O presidente, Aslan Bzhania, que instou os manifestantes a respeitarem a ordem pública, não estava hoje no seu gabinete.
O grupo de negociadores da oposição, que inclui vários deputados, apresentou a Bzhania um ultimato para abandonar o cargo, exigindo eleições presidenciais antecipadas.
Os incidentes, que provocaram pelo menos oito feridos, segundo as autoridades, ocorreram depois de o Parlamento ter cancelado a sessão de hoje em que estava marcada a ratificação do acordo com a Rússia, assinado a 30 de outubro, e ter recusado, como exigia a oposição, retirar o projeto de lei da ordem do dia.
Em setembro, foi divulgado que a Rússia suspendeu os seus enormes subsídios à Abcásia, pelo que a oposição na Abcásia denunciou que o acordo de investimento com Moscovo era produto de pressão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, negou pouco depois uma crise nas relações com a Abcásia, embora tenha sublinhado que "cada parte tem as suas obrigações" e na república georgiana "compreendem-no perfeitamente".
O líder da Abcásia tinha anunciado há um ano que a república iria acolher no seu território - região de Ochamchira - um "ponto de implantação permanente" da frota russa do mar Negro.
A Rússia reconheceu a independência da Abcásia logo após a guerra com a Geórgia pelo controlo da também separatista Ossétia do Sul, um passo apoiado pela Nicarágua, Venezuela, Síria e Nauru.
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