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Alegada aproximação aos Estados Unidos gera controvérsia no Irão

A suposta aproximação entre o Irão e os Estados Unidos, na sequência do alegado encontro entre o embaixador iraniano na ONU, Saeed Iravani, e o conselheiro do presidente eleito dos EUA, Elon Musk, gerou controvérsia no país persa, com reações contra e a favor.

Alegada aproximação aos Estados Unidos gera controvérsia no Irão
Notícias ao Minuto

16/11/24 12:31 ‧ Há 3 Horas por Lusa

Mundo Médio Oriente

As críticas mais duras chegaram hoje por parte do diário ultraconservador Keyhan, próximo ao líder supremo iraniano, Ali Jameneí.

 

Numa coluna do chefe de redação, Hosein Shariatmadari, intitulada "Reunião secreta com o representante de Trump, ingenuidade ou traição?", o órgão de comunicação social criticou o encontro entre o representante do Irão na ONU e o chefe do novo departamento de Eficiência Governamental do próximo governo de Trump.

O encontro terá ocorrido na segunda-feira e foi noticiado pelo The New York Times na quinta-feira, ainda que as partes não tenham oficialmente confirmado ou negado.

Perante a alegada aproximação, o diário acusou o campo reformista que procura abertura nas relações com o Ocidente, incluindo os EUA.

"Numa situação em que os Estados Unidos são parte devedora do acordo nuclear e devem pagar pelos danos e prejuízos ao Irão por violar o pacto, os defensores da reforma e voz interna da campanha do Ocidente contra o Irão esforçam-se para abrir caminho a negociações com este país terrorista", denunciou o diário.

Shariatmadari recordou a saída unilateral de Washington em 2018 do acordo nuclear assinado três anos antes entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha).

O pacto limitava o programa nuclear iraniano a troca do levantamento das sanções internacionais contra Teerão, o que acabou com a saída dos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021) e a imposição das medidas restritivas contra o país persa, o que levou a inflação no Irão para cerca de 40%.

Para o chefe de redação do Keyhan, estas alegadas reuniões com representantes da próxima administração de Trump dão reputação aos EUA e "evitam uma vez mais que o Irão alcance os seus direitos", sem explicar a que se refere.

"Os apoiantes de reformar querem que o Irão se apresente na mesa do julgamento como o réu", indicou Shariatmadari, acrescentando que Teerão é o queixoso e que são os EUA quem "deve pagar os danos e prejuízos por violar o seu compromisso" com o acordo nuclear.

"O Irão envia uma mensagem de autoridade ao mundo, estabelece equações regionais com autoridade e os círculos estrangeiros acreditam que o Médio Oriente, que esteve nas mãos dos EUA durante muito tempo, já não está nas mãos da Casa Branca. No entanto, a campanha do Ocidente contra o Irão é para repetir a diplomacia da mendicidade", assinalou.

O jornalista e ativista político reformista Ahmad Zaidabadi contra atacou o diário, dizendo ser muito natural que o órgão de comunicação social ultraconservador critique a aproximação com Washington, como aconteceu com a presidência do moderado Masud Pezeshkian.

"Se a mesma coisa tivesse acontecido durante a presidência de Mahmud Ahmadineyad (2005-2013) ou do falecido Ebrahim Raisí (2021-2024), o Kayhan tê-la-ia apresentado como uma obra-prima diplomática ou uma vitória sem precedentes", afirmou Zeidabadi no canal do Telegram.

O diário Jomhourie Eslami, próximo aos reformistas, deu as boas-vindas às conversações com Washington.

"Podem considerar-se como o início de um novo caminho na política externa do nosso país", lê-se num artigo do jornal, que sublinhou que o Governo iraniano deu sinais de querer diminuir as tensões com os EUA.

"Não há dúvida que a democracia é mais forte e eficaz que qualquer outra arma, se for calculada, inteligente e planificada", acrescentou.

Desde a eleição de Trump como presidente dos EUA a 05 de novembro, que os responsáveis iranianos têm tentado convencer o republicano a não voltar à pressão máxima sobre o Irão, que afundou a economia do país persa.

Leia Também: Irão recusa negociar programa nuclear sob pressão

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