Participação de consultora? A "questão menor" e o plano "fraquinho"
A promessa de um Plano de Emergência da Saúde nos primeiros 60 dias de Governo foi cumprida, mas levantou uma nova polémica quando o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, questionou o Executivo sobre a participação de uma empresa privada na área da consultoria na elaboração do documento.
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Política Saúde
O Plano de Emergência da Saúde era uma das promessas eleitorais da Aliança Democrática (AD). Luís Montenegro garantiu que caso fosse eleito primeiro-ministro apresentaria um plano para resolver as fragilidades do Serviço Nacional da Saúde ao fim de 60 dias de Governo. A promessa foi cumprida, mas gerou uma nova polémica entre os partidos depois de o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, ter questionado o Executivo sobre a participação de uma empresa privada na área da consultoria na elaboração do documento.
O Ministério da Saúde acabou por admitir ter contratado uma consultora privada para "organizar e estruturar" o trabalho da 'task force'. Ainda assim, justificou que a empresa tem trabalhado com o Ministério da Saúde "nos últimos anos".
A cabeça de lista do PS às Europeias e antiga ministra da Saúde, Marta Temido, rejeitou que o Ministério da Saúde tenha feito qualquer contrato com a empresa em questão enquanto liderava a pasta. "Não tenho memória de nenhuma contratação com esta consultora ao nível do Ministério da Saúde. Não quer dizer que não tenha havido com entidades públicas empresariais, hospitais, administrações regionais de saúde, mas é algo que o Ministério da Saúde poderá esclarecer", disse Temido.
Já Pedro Nuno Santos deixou ainda uma nova pergunta no ar, ao querer saber se a consultora teve acessos a "dados muito sensíveis" de doentes e por patologias e por região, considerando que faltam esclarecimentos do Governo sobre este tema. "São dados muito sensíveis, como podem imaginar", apontou o socialista.
A polémica sobre o envolvimento de uma consultora privada na elaboração do Plano de Emergência da Saúde gerou vários comentários. Há quem considere que a acusação do PS não tem "pés nem cabeça" e quem refira que se trata de uma "questão menor" que apenas serve para "desviar atenções".
O que dizem os partidos?
O primeiro-ministro não se alongou nos comentários sobre a polémica que envolve o Ministério da Saúde, referindo apenas que a questão colocada pelo secretário-geral do PS sobre a eventual utilização de uma consultora privada no plano estratégico para a saúde não tem "pés nem cabeça". Montenegro afirmou que "o Governo apresentou o plano de emergência e transformação na área da saúde, cujo conteúdo é não só de emergência, mas também é de transformação estrutural e isso é que é o importante".
A candidata do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, às eleições europeias desvalorizou a polémica e considerou que verdadeiro problema do documento "é que é fraquinho". "O pior problema é que o plano é mau. Eu acho mesmo que essa é mesmo a grande questão. Contratando ou não contratando, o Governo fez um mau plano e pelos vistos a empresa privada que contratou foi copiar o que já tinha feito o governo do PS. É fraquinho", afirmou Catarina Martins.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considerou a polémica sobre a consultora privada envolvida no plano de emergência para a saúde uma "questão menor" e acusou Pedro Nuno Santos de "retomar a agenda que tem perdido". O liberal salientou que o que o preocupa é o plano de saúde em si e não propriamente se foi paga uma determinada importância a uma consultora para organizar informação.
"O plano é que me parece francamente insuficiente, eu acho que essa é a crítica que vale a pena fazer", afirmou.
O líder do Chega, André Ventura, acusou Pedro Nuno de tentar desviar "as atenções para um tema absolutamente lateral", alegando que Marta Temido "foi implicada" no caso das gémeas. "O doutor Pedro Nuno Santos escolheu este momento da campanha por uma razão, porque a sua candidata Marta Temido foi implicada no caso das gémeas. E então escolheu pegar numa questão completamente lateral - porque esta consultora aliás já tinha feito outros planos para um governo socialista - para desviar as atenções", salientou.
Já João Oliveira, cabeça de lista da CDU às europeias, referiu que a polémica contribui para "desviar a campanha do que é essencial e central". O candidato a eurodeputado confessou que espera "que os portugueses percebam que enredar a campanha eleitoral em questões como essas contribui para desviar aquilo que é essencial e central" e pediu aos portugueses que não se deixem "desviar daquilo que é efetivamente central".
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