"Aumento" de casos de parvovírus obriga a transfusões de sangue em fetos
Vírus, que provoca uma condição comummente conhecida por "doença da bofetada", é quase inofensivo para crianças e adultos, mas é perigoso para os bebés em gestação, podendo mesmo levar à morte fetal, hidrópsia e anemia fetal.
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País Surto
A Unidade Local de Saúde (ULS) São José confirmou ao Notícias ao Minuto que houve um "aumento claro de casos de grávidas com história de contacto com PB19 (parvovírus), de grávidas com infeção por PB19 e de fetos infetados" este ano, principalmente, desde fevereiro.
O ULS São José confirma que só na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, já foram realizadas quatro transfusões intrauterinas, ou seja, em bebés por nascer, por causa de anemias provocadas por esta doença, duas delas graves, tal como tinha avançado a Renascença.
Este aumento de casos de parvovírus traduz-se, segundo a médica Luísa Martins, responsável pela Consulta de Diagnóstico Pré-Natal do Centro de Responsabilidade Integrado de Medicina e Cirurgia Fetal (CRIMCF) da ULS São José – Maternidade Alfredo da Costa, não só num "maior número de referenciações pelos médicos assistentes" como num "maior número de patologia fetal (morte fetal, hidrópsia, anemia fetal) associada à infeção por PB19".
A nível materno, assim como nos restantes adultos e crianças, o parvovírus, que provoca uma condição comummente conhecida por "doença da bofetada", não provoca "problemas graves" e é "autolimitado em mulheres saudáveis", revela a mesma médica. Já a nível fetal, "pode não ter efeito grave, mas também pode condicionar morte fetal".
"Pode ter efeito sobre as células precursoras do sangue e provocar anemia fetal. Sobre o coração, pode condicionar miocardiopatia viral e sobre o fígado originar hepatite fetal", explica a Dra. Luísa Martins ao Notícias ao Minuto.
Por isso, se se confirmar a infeção por PB19, é necessário "vigiar ecograficamente, durante 12 semanas, desde o início da infeção, pois pode haver agravamento e ser necessária uma transfusão de sangue ao feto in utero". "Noutros casos, pode não haver alterações fetais e até pode haver regressão espontânea das alterações, sobretudo se forem ligeiras", lembra ainda a responsável.
A transmissão do parvovírus ocorre por via aérea, através de gotículas, e antes dos sintomas. Como o vírus resiste nas superfícies, o contacto das mãos contaminadas com a boca pode transmitir a infeção. Aconselha-se, por isso, a lavagem correta das mãos.
Os sintomas são vários. Os adultos saudáveis podem ter febre, dores articulares, exantema (manchas na pele) autolimitados. Já as crianças manifestam sobretudo febre e as características manchas na cara, que sugerem "cara esbofeteada".
Se para estes "basta dar terapêutica sintomática", segundo a Dra. Luísa Martins, para os adultos imunossuprimidos ou com doenças hematológicas como anemias hemolíticas este vírus "tem maior risco".
Recorde-se que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) relatou na semana passada estar a ocorrer um "aumento substancial" de infeções por parvovírus B19V em 14 países europeus e que Portugal ainda não tinha casos identificados, algo que o São José agora refutou ao Notícias ao Minuto.
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