Costa chega ao CE como o 'tio fixe'. "Tirou Portugal do colete de forças"
A revista The Economist escreve esta quinta-feira sobre o ex-primeiro-ministro António Costa, que está a caminho da presidência do Conselho Europeu. Para além dos desafios que irá enfrentar, a publicação dá conta da sua diferença perante o atual líder do órgão, Charles Michel - e ainda critica a justiça em Portugal, nomeadamente, em termos de velocidade.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
País António Costa
A poucas horas de o nome de António Costa soar por toda a Europa como sucessor de Charles Michel na presidência do Conselho Europeu, já alguma imprensa internacional lhe dá destaque nas suas páginas.
É o caso da revista The Economist, que aborda as capacidades e currículo de António Costa para aquele que consideram o cargo mais "difícil" no mundo político.
A publicação dá conta de que "o cargo mais confuso" no mundo político deverá ser ocupado durante os próximos cinco anos. Ao fim desse tempo, o presidente francês, Emmanuel Macron, já estará 'fora de cena' na Europa – assim como, a ter 'luz verde', Costa também poderá durar para além da governação do chanceler alemão, Olaf Scholz. "Um mediador de poder competente ajudaria muito a conduzir a União Europeia nas águas agitadas que se avizinham”, escreve a publicação, dando conta de que assegurar que as nações referidas acima "avançam na mesma direção" será uma das tarefas de Costa.
"Para além de não ser o Sr. Michel, principal qualidade é o facto de ser um socialista do sul da Europa"
E a The Economist parece ‘desfazer-se’ em esperanças de que Costa terá capacidades para este impulso – ou pelo menos, que o conseguirá fazer melhor do que o atual presidente do Conselho Europeu. "Dos três aplausos que vão ressoar quando Costa for confirmado, dois deles serão para celebrar a saída do titular do cargo, Charles Michel, um antigo primeiro-ministro belga que se tem atrapalhado no cargo desde 2019", escreve a publicação.
Começando por sublinhar que Costa é muito "“apreciado" pelos seus colegas, algo que já tem vindo a ser escrito desde que o nome de Costa está 'a jogo', a revista sublinha que se considera que o antigo primeiro-ministro fez um bom trabalho por cá, tirando Portugal "do colete de forças austero imposto pela União Europeia em plena crise da Zona Euro, há uma década".
"Para além de não ser o Sr. Michel, a sua principal qualidade é o facto de ser um socialista do sul da Europa", lê-se ainda, com a publicação a dar conta de que Costa trará à Europa o "contraste político e geográfico necessário" em relação a Ursula von der Leyen, conservadora que vai presidir a Comissão Europeia durante os próximos cinco anos.
"O facto de deter as rédeas do braço executivo da União Europeia é o trabalho mais poderoso: Ursula von der Leyen pode dar ordens a mais de 30 000 eurocratas. mas é o Conselho Europeu que define a orientação política da Comissão, tal como um conselho de administração controla um diretor executivo. Enquanto presidente dos supervisores, o presidente do Conselho Europeu deve assegurar que o aparelho de Bruxelas esteja firmemente sob o controlo político dos dirigentes nacionais eleitos", explicam.
Mas a revista nota ainda que é preciso que este duo trabalhe em conjunto para que o bloco avance em harmonia, "o que não tem acontecido".
A Economist descreve Costa como um político "experiente" e descreve-o como alguém que "não denunciaria os jovens que desviam álcool numa festa de família" - no fundo, o 'tio fixe'.
"É conhecido por trabalhar bem nos bastidores", aponta a Economist, referindo-se às coligações partidárias, algo que se pode vir a "replicar" a nível europeu.
No artigo ‘"Can António Costa make a success of the world’s hardest political 'gig'" ['Poderá António Costa tornar o cargo mais difícil do mundo num sucesso?', na tradução livre] a imprensa lembra ainda que a "única falha" que consta no currículo de Costa diz respeito às suspeitas levantadas pelo Ministério Público. O caso, no âmbito da Operação Influencer, adensou ainda mais as críticas à justiça em Portugal – não só em termos de transparência, como de velocidade, algo que não escapou também à imprensa internacional: "Dada a velocidade de tartaruga do sistema judicial português, é pouco provável que a perspetiva de acusação desapareça em breve".
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