Um vídeo que começou a circular nas redes sociais está a causar alguma polémica entre os internautas, que têm comentado um 'vazio' deixado na Gare do Oriente, em Lisboa.
Em causa estão as instalações onde algumas pessoas em situação de sem-abrigo costumam pernoitar. O local foi gravado com baías de segurança, o que impediu que pudessem ficar ali.
As imagens partilhadas na quarta-feira levaram a reações de várias pessoas, incluindo o deputado municipal na Câmara Municipal de Lisboa (CML) Ricardo Moreira, que partilhou as imagens na rede social X (antigo Twitter).
"Isto é inacreditável! Estavam dezenas de pessoas, famílias inteiras na gare do Oriente. As pessoas não desaparecem. Se não estão ali, onde estão? Que apoio lhes está a ser dado? As pessoas em situação de sem-abrigo não são bolas de ping pong", escreveu.
Ao ser questionado por um utilizador sobre se a culpa era do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, e com algumas insinuações de "mentiras e perseguição", o deputado municipal do Bloco de Esquerda respondeu: "Não disse que tinha sido a CML. No entanto, a CML sabe o que se passou e tem obrigação de dizer o que aconteceu".
"Qual é a responsabilidade da autarquia no alojamento de imigrantes ilegais?", escreve um outro utilizador. "Carlos Moedas já arranjou alojamento para quem passava ali os dias, Carlos Moedas fala mas faz trabalho", defendeu um outro.
"A Gare do Oriente não é sítio para estar a dormir. É um ponto de passagem para quem trabalha, paga impostos e o mínimo dos mínimos é não estar a cheirar a pés. Sabes o que fizeram aos sem-abrigo ou estás só a especular? Porque a certeza é que não estão em campos", escreve nas redes sociais uma outra pessoa.
Contactada pelo Notícias ao Minuto a Infraestruturas de Portugal esclareceu, numa nota, que "encetou em março do corrente ano um trabalho conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa", tendo em conta o "incremento significativo do numero de pessoas em situação de sem-abrigo na Gare do Oriente que permanecem durante o dia e pernoitam nesta infraestrutura ferroviária".
Uma situação, acrescentam, que a empresa considera "muito preocupante em termos sociais, para as próprias pessoas sem abrigo uma vez que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade, sem quaisquer condições de higiene e salubridade, e porque por outro lado é uma situação que impacta na higiene, limpeza e segurança desta estação ferroviária e dos seus utentes".
"A IP/IPP tem vindo a trabalhar em articulação direta com os serviços do município, de modo a, sempre que se verifica a saída de uma pessoa sem abrigo daquele espaço, por encaminhamento assegurado pela CML, seja o mesmo reorganizado para garantir a adequada fruição do espaço para os fins a que está afeto", rematam.
Também a Câmara Municipal de Lisboa foi contactada pelo Notícias ao Minuto, esclarecendo que "cerca de 50 pessoas já foram acolhidas" neste âmbito, mas esclarecendo que "a Gare do Oriente pertence à Infraestruturas de Portugal e está unicamente sob gestão desta entidade, e não do município". Ainda assim, a autarquia "tem encaminhado para os seus centros de acolhimento as pessoas que têm vindo a abandonar aquele local, tal como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML)".
A Câmara Municipal de Lisboa tem vindo a encaminhar para os seus centros de acolhimento pessoas em situação de sem-abrigo "que têm vindo a abandonar" a Gare do Oriente, onde, na semana passada, foram colocadas barreiras de segurança numa área onde as pessoas nesta situação costumam pernoitar.
Notícias ao Minuto | 17:20 - 22/07/2024
[Notícia atualizada a 22 de julho às 17h25]
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