Companheiro de grávida que abortou pediu ajuda duas vezes. Hospital nega
"Que país é este?", terá questionado o companheiro da grávida, após a segunda recusa em ser atendido.
© Reuters
País Obstetrícia
O Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Oeste voltou, esta terça-feira, a negar que tenha sido recusada a admissão da grávida no Hospital das Caldas da Rainha.
Em entrevista à SIC, Elsa Banza, presidente do Conselho de Administração da ULS Oeste, diz que "não há registos internos de contactos, exceto o INEM que contactou a médica que estava de urgência interna e que admitiu rapidamente a doente".
Por outro lado, os bombeiros das Caldas frisam que o companheiro da grávida se dirigiu ao hospital pelo menos duas vezes, obtendo sempre a mesma resposta, a recusa em atender a mulher.
De acordo com o comandante dos Bombeiros das Caldas da Rainha, Nelson Cruz, em declarações ao Notícias ao Minuto, o companheiro da grávida ter-se-á dirigido ao hospital assim que chegou com a mulher, de carro.
Perante a recusa em ser atendido, ligou ao 112. À chegada dos bombeiros, aquando da sugestão de ir para Coimbra, o subchefe pediu ao homem para "insistir".
"O subchefe António Soares disse para voltar lá e pedir para fazer essa pressão junto do hospital", frisa Nelson Cruz, argumentando que "não há registos porque nunca houve uma admissão".
"A garantia que tenho é que os bombeiros perguntaram ao senhor se ele tinha ido lá dentro e ele disse que sim. Depois foi lá uma segunda vez", prossegue, dizendo que de volta ao carro, o homem se terá lamentado: "Que país é este?".
Ainda em declarações à SIC Notícias, a presidente do Conselho de Administração da ULS Oeste reiterou: "A doente foi à consulta externa, disseram-lhe que era para vir à urgência. Na urgência depara-se com a situação de que não está a funcionar e que teria de ligar ao 112. O que fez, e pelos vistos, terá esperado no carro".
O que se passou ao certo vai agora ser apurado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que instaurou um processo de inquérito ao caso, confirmou o Ministério da Saúde ao Notícias ao Minuto.
O que é certo é que a grávida, além de ter sofrido um aborto espontâneo, teve uma hora dentro de um carro, com uma "hemorragia abundante", sem saber onde, quando e por quem ia ser atendida.
A mulher, acabou por ser admitida no próprio hospital das Caldas da Rainha, onde se encontra ainda internada, em vigilância, mas sem risco de vida.
O Governo já veio dizer que está a "acompanhar desde a primeira hora" a situação em questão. Contudo, são várias as vozes que se levantam a pedir que o primeiro-ministro se pronuncie sobre os problemas que têm surgido na sequência do fecho das urgências de obstetrícia em Portugal, durante o verão.
Recorde-se que, as urgências de obstetrícia do Hospital das Caldas da Rainha vão voltar a encerrar na quinta e na sexta-feira desta semana, assim como noutros quatro hospitais: Hospital de Santo André (Leiria), Hospital de São Bernardo (em Setúbal), Hospital Garcia de Orta (Almada) e Hospital de Santa Maria (Lisboa).
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