A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, assegurou, esta terça-feira, que o Governo da República está a "avaliar" a possibilidade de apoiar a Madeira com mais um meio aéreo de combate aos incêndios, numa altura em que a região autónoma luta, há vários dias, contra as chamas. Contudo, realçou também que ainda é prematuro fazer essa análise.

Esta posição da governante foi partilhada em declarações aos jornalistas, à margem da tomada de posse do novo comandante da Unidade Especial da Polícia, Pedro Teles, na sede da direção da PSP, em Lisboa, após ser confrontada com o facto de o Governo Regional ter defendido que o Governo da República deve apoiar a região autónoma com mais um helicóptero.

"O Governo, neste momento, vai avaliar todas essas questões", disse Margarida Blasco. 

"Tudo o que seja para melhorar as condições dos madeirenses, nós podemos fazê-lo É uma ilha lindíssima, as pessoas são muito boas e efetivamente tudo aquilo que o Governo Regional entenda que necessita do Governo Central nós vamos entrar e vamos estudar o melhor para as populações", acrescentou ainda.

No entanto, a governante lembrou o impacto da conjugação da orografia com os ventos fortes e indicou que o executivo continua a "acompanhar a par e passo" a situação.

"Neste momento será cedo para fazer a avaliação. Tudo tem de ser avaliado. O fogo ainda está a lavrar, nós ainda temos de acabar este fogo o mais depressa possível, assim o deixem as condições climatéricas. E, depois de feito o rescaldo, iremos então com o Governo Regional da Madeira e os madeirenses fazer a avaliação de quais são as necessidades e o que se pode melhorar. Neste momento, não posso responder, temos de ajudar primeiro as pessoas", referiu.

Margarida Blasco recusou fazer comentários sobre a polémica em torno do 'timing' dos pedidos de ajuda do Governo Regional madeirense ao continente e adiantou apenas que "foi pedido e foi concedido de imediato esse contingente", seguindo para a região 78 elementos, aos quais se juntaram na segunda-feira mais operacionais provenientes dos Açores.

"Os reforços foram quando foi possível irem, quando foi necessário responder ao aumento dos fogos", acrescentou, assinalando que "os fatores meteorológicos mudam", apesar dos meios de prevenção e combate existentes.

A ministra  fez questão de realçar a "solidariedade" demonstrada.  "Esta solidariedade é que é de aplaudir. Nós somos realmente um povo muito solidário e quando um pedaço do nosso Portugal está em crise, somos os primeiros a ser solidários", sublinhou.

"E, mais uma vez, um grande abraço para este operacionais que, de um dia para o outro, se disponibilizaram a ir combater o fogo na Madeira", completou.

De realçar que ontem Pedro Ramos, secretário regional de Saúde e Proteção Civil da Madeira, seguiu os passos de  José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Legislativa madeirense, apelando ao Governo da República para que a região tenha mais um meio aéreo custeado pelo Estado.

O incêndio rural na Madeira deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho de Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao município da Ponta do Sol, através do Paul da Serra.

Até domingo, 160 pessoas foram retiradas das suas habitações por precaução e transportadas para equipamentos públicos, mas muitos desses moradores já regressaram ou estão a regressar a casa, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos. Entretanto, na segunda-feira anunciaram a retirada de cerca de 60 pessoas na Furna.

Hoje de manhã, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, António Nunes, indicou à Lusa que o incêndio mantinha cinco frentes ativas em áreas de difícil acesso, em três concelhos, mas as chamas lavravam com pouca intensidade.

O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais, segundo o Governo Regional. Uma bombeira recebeu assistência hospitalar por exaustão.

Projeções do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para sete mil hectares ardidos desde o início do incêndio.

[Notícia atualizada às 14h11]

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