Doentes retidos por falta de viagens? SATA admite casos "pontuais"
Companhia aérea açoriana garante que existe "um bloqueio de espaço" que visa responder à necessidade de transporte de pacientes, entre ilhas dos Açores, para irem a consultas. No entanto, este fica mais "limitado" no pico do verão.
© Global Imagens
Economia Açores
No decorrer do verão foram vários os utentes do Serviço Regional de Saúde dos Açores que reportaram, nas redes sociais, problemas nas deslocações entre ilhas (e não só) para consultas médicas.
Ao Notícias ao Minuto, um dos queixosos, que prefere manter o anonimato, explicou que "o aumento do turismo na região" e o facto da SATA "não estar a acompanhar esse volume" estão a "prejudicar os açorianos", principalmente, os "das ilhas mais pequenas", isto é, das ilhas que não têm hospital (apenas centros de saúde) e cujos utentes têm de se deslocar de avião para terem consultas da especialidade. Algo que tem acontecido, principalmente, a residentes das Flores e do Pico.
Além desde caso que chegou ao Notícias ao Minuto, um outro chegou à Antena 1 Açores. Uma família de três pessoas da ilha do Pico que, por motivos de saúde da filha, teve de se deslocar ao continente no dia 10 de julho podia ter regressado a casa no dia 31, mas só conseguiu viagem para dia 8 de agosto.
A menina de 2 anos, que foi submetida a uma cirurgia, teve assim de permanecer mais uma semana fora de casa, sem necessidade. A família questiona "onde é que está a obrigação de serviço público para os açorianos que estão deslocados em caso de doença".
"Eu não sou contra o turismo mas é preciso ver que, nestes meses de verão, as acessibilidades dos residentes nos Açores ficam muito comprometidas", atirou a mãe da menina, Joana Lopes, defendendo que deveria haver concertação entre Governo regional e SATA.
"A solução passaria, talvez, por haver uma percentagem mínima de lugares que fosse assegurados sempre para os residentes”, realçou, lembrando que estes utentes são “muitas vezes idosos, crianças que ficam fora da sua casa muitos dias".
"SATA assume, há vários anos, pro-ativamente, um bloqueio de espaço" destinado a utentes
Questionada pelo Notícias ao Minuto sobre esta situação, a SATA admitiu casos "pontuais" no período de verão, mas garante que existe "um bloqueio de espaço" que visa responder à necessidade de transporte de pacientes, entre ilhas, para irem a consultas.
"A SATA Air Açores é responsável pelo serviço público de transporte aéreo interilhas e, nessa medida, assegura o transporte de passageiros e carga, ao longo de todo o ano, independentemente dos motivos de viagem que se apresentam. Tendo em conta o interesse público, e embora o Contrato de Concessão do Serviço de Transporte Aéreo Regular no interior da Região Autónoma dos Açores (RAA) não preveja cativações de lugares para transporte de doentes, a companhia aérea SATA Air Açores assume, há vários anos a esta parte, pro-ativamente, um bloqueio de espaço que visa responder a esta necessidade", assegura a companhia aérea.
Segundo a SATA, o referido bloqueio de espaço materializa-se de duas formas distintas: "Bloqueio de dois lugares no último voo do dia à saída das ilhas das Flores, São Jorge, Graciosa e Santa Maria, para acautelar o transporte urgente não programado de doentes que necessitem de cuidados urgentes em instituição de saúde localizada noutra ilha. O mesmo encontra-se acautelado até à hora do fecho do check-in do respetivo voo".
Ou "bloqueio de quatro lugares para todos os voos interilhas programados, para acautelar o transporte programado de doentes que necessitem de deslocar-se para consultas ou tratamentos. Os referidos lugares mantêm-se nesta condição até 72h antes da hora programada da partida dos voos, momento a partir do qual são disponibilizados para qualquer tipo de passageiro, na eventualidade de não terem já sido utilizados".
No entanto, admite a SATA, "face à impossibilidade de previsão atempada da data de viagem por parte de alguns pacientes cuja situação não tem caráter de urgência, a obtenção de confirmação da viagem, no pico do verão (agosto ou proximidade de festividades/ eventos) é mais limitada em momentos pontuais, devido ao aumento de procura que se verifica".
Lembra ainda a companhia aérea açoriana que "o transporte médico com caráter de emergência é uma missão que está a cargo da Força Aérea Portuguesa, por forma a assegurar que os casos urgentes não estejam sujeitos à disponibilidade comercial".
No que respeita à oferta de voos, a SATA Air Açores "voltou a incrementar a oferta, quando comparado com o mesmo período de verão do ano passado. Numa semana típica de agosto, a companhia aérea realiza mais 580 voos interilhas" e reforçou também a oferta de lugares na Azores Airlines.
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